Chloe Zhao, a segunda mulher a vencer o Óscar de melhor filme em 93 anos de história

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[Fotografia: EPA]

A noite dos Óscares ficou marcada pela diversidade e pelo reconhecimento do talento na mão de mulheres. Onze anos após a primeira vitória de uma mulher na categoria de melhor realização, Chloe Zhao, de 39 anos, venceu a estatueta dourada com Nomadland – Sobreviver na América.

Foi preciso mais de uma década de intervalo, e num total de 93 anos de história, desde a primeira vez que uma mulher obteve o galardão na cerimónia que premeia a sétima arte. Se Kathryn Bigelow o tinha feito em 2010 com Estado de Guerra, agora foi o retrato de uma América feita pelos olhos de que vem de fora que obteve o reconhecimento máximo.

Numa noite marcada pela diversidade, Chloe Zhao não o fez por menos e surgiu de cabelos ao natural, de tranças e praticamente sem maquilhagem para receber o mais importante prémio entregue pela academia de cinema norte-americana.

Recorde-se que, este ano, os Óscares chegaram dois meses mais tarde, com restrições muito apertadas devido à covid-19, mas com a passadeira vermelha estendida, resgatando a memória do glamour e da elegância de uma festa que, com regras, testes e muitas máscaras nos intervalos, aconteceu na mesma em pandemia.

Contudo, o sucesso da realizadora chinesa Chloé Zhao, na cerimónia dos Óscares, está a ser recebido com silêncio e até mesmo casos de censura no seu país, devido a declarações feitas há oito anos. O filme Nomadland recebeu três óscares, o de melhor filme, melhor realização e melhor atriz.

No entanto, na China, onde Zhao nasceu, o feito histórico não foi alardeado.

A imprensa estatal não comemorou. A televisão estatal CCTV e a agência noticiosa oficial Xinhua, os dois principais órgãos estatais, nem sequer divulgaram a vitória de Zhao.

Foi censurada uma mensagem a anunciar a conquista do prémio, pela revista de cinema Watch Movies, que tem mais de 14 milhões de seguidores na rede social Weibo, o equivalente ao Twitter na China.

O ‘hashtag’ “Chloé Zhao ganha o Óscar de melhor diretora” também foi censurado na plataforma, com os internautas a receber a mensagem “de acordo com as leis, regulamentos e políticas relevantes, a página não foi encontrada”.

Porém, as notícias sobre a sua vitória foram rapidamente difundidas na Internet chinesa, com internautas a celebrar a vitória de Zhao.

Muitos apontaram o discurso de aceitação, no qual Zhao citou um verso de um poema escrito no século XIII que, como muitas outras crianças chinesas, Zhao memorizou quando era criança, e que se traduz assim: “As pessoas nascem boas”. Zhao foi vítima de ataques em março, quando ganhou um Globo de Ouro de melhor realização, devido a um comentário feito há oito anos.

Verifique abaixo a lista integral dos vencedores da 93ª edição dos Óscares e que teve lugar no domingo, 25 de abril, a partir de vários pontos dos EUA e não apenas do já conhecido Dolby Theatre.

Melhor filme:“Nomadland – Sobreviver na América”
Melhor realização: Chloé Zhao – “Nomadland – Sobreviver na América”
Melhor ator:Anthony Hopkins – “O Pai”
Melhor ator secundário: Daniel Kaluuya – “Judas and the Black Messiah”
Melhor atriz: Frances McDormand – “Nomadland: Sobreviver na América”
Melhor atriz secundária: Yuh-Jung Youn – “Minari”
Melhor argumento adaptado: “O Pai”
Melhor argumento original: “Promising Young Woman – Uma miúda com potencial”
Melhor filme internacional: “Another Round” – Dinamarca
Melhor filme de animação:“Soul – Uma aventura com alma”
Melhor curta-metragem de animação: “If Anything Happens I Love You”
Melhor documentário: “My Octopus Teacher”
Melhor documentário em curta-metragem: “Colette”
Melhor curta-metragem:“Two Distant Strangers”
Melhor cenografia: “Mank”
Melhor direção de arte: “Mank”
Melhor montagem: “Sound of Metal”
Melhor caracterização: “Ma Rainey: A mãe dos blues”
Melhor guarda-roupa: “Ma Rainey: A mãe dos blues”
Melhor banda sonora original: “Soul – Uma aventura com alma”, Trent Reznor, Atticus Ross e Jon Batiste
Melhor canção: “Fight For You” – “Judas and the Black Messiah”
Melhor montagem de som: “Sound of Metal”
Melhores efeitos visuais: “Tenet”