Christian Serratos: “O Walking Dead é espantoso em mostrar as mulheres tão fortes”

Conhecemo-la por Rosita e voltamos a encontrá-la a partir desta segunda-feira, 26 de fevereiro, às 22h15, no canal Fox. Christian Serratos dá vida a esta heroína de Walking Dead. Rosita, que falhou por pouco a tentativa de matar o mega vilão da série, Negan, é uma mulher forte e corajosa. Algo que tem em comum não só com a atriz que lhe dá vida, mas também com as outras personagens femininas. “Muitos colegas homens dizem: ‘As mulheres são a série. Estas mulheres são tão fortes e tão poderosas. São incríveis’. E muitas vezes elas aparecem para salvar os outros, como a Carol [Melissa McBride], por exemplo”, diz Christian Serratos em entrevista exclusiva ao Delas.pt. Na mesma conversa, refere também o que podemos esperar da sua personagem nesta fase da temporada, o que gostaria de fazer depois de Walking Dead e o que pensa sobre o movimento #MeToo. Quanto a um encontro com os fãs portugueses, a atriz diz que poderá estar para breve: “Portugal é um destino sobre o qual eu e o meu namorado temos falado”. Fica a promessa, mas para já o encontro está marcado todas as semanas, na TV.

Estamos a entrar na segunda parte da oitava temporada, o que podemos esperar da Rosita nesta parte da série? Vamos conhecer mais sobre a sua história?

Acho que ficámos a saber mais sobre quem a Rosita é na temporada 7. Conseguimos ver muito mais sobre ela do que nas anteriores. Eu gostei muito de aprender mais acerca da Rosita e de ter a oportunidade de o mostrar aos fãs e penso que isso foi o início daquilo a que estamos a assistir nela agora. Ela passou por uma grande perda com a morte do Abraham [Michael Cudlitz], sobretudo, mas também com a do Glenn [Steven Yeun], quando conhecemos o Negan. Isso foram acontecimentos que tornaram a Rosita naquilo que é hoje. Ela foi-se abaixo, deixou de estar tão dura e a deixar transparecer mais as emoções e mostrar como lida com elas. E agora, depois da morte da Sasha [Sonequa Martin-Green] penso que estamos a ver novamente uma mudança nela, como é que ela gere as suas emoções nesta fase. Na segunda metade da temporada 8, provavelmente depois de mais uma perda, penso que vamos perceber se ela se vai manter concentrada ou se regressa à sua natureza vingativa.

A Rosita da série tem muitas diferenças da versão da BD?

Nunca li a banda desenhada, mas antes de começar a gravar tentei garantir que tinha uma compreensão total de quem é que ela devia ser e quem os seus fãs queriam e pensavam que ela fosse. E, claro, mais aquilo que traria de mim para a personagem. Eu adoro a Rosita da série. Acho que ela é uma mulher forte, muito determinada e autêntica, que tem muitas qualidades. Fico com a sensação que fiz um bom trabalho e estou muito feliz com essa personagem.

E o que é que a Rosita tem da Christian Serratos?

Penso que o que é interessante é que a Rosita é muitas coisas que gostaria de ser mas que não sou necessariamente, é como se ela fosse uma espécie de alter ego, por isso, ao mesmo tempo, acabo por aprender muito com ela. Queria garantir que ela seria uma pessoa muito direta, pouco hesitante e que fosse uma pessoa confiante naquilo que procurasse. São pequenas coisas como essas. Essa confiança e essa coragem é algo que eu tento ter na minha própria vida, mesmo não fazendo o que ela faz [risos].

Pode dizer-se que Walking Dead é uma série forte em termos de igualdade de género. Vemos as mulheres e os homens a lutarem lado a lado, em pé de igualdade, por exemplo.

Sim!

Como é que as pessoas, os fãs, reagem a isso?

Espero que respondam bem, porque o mundo é isso, é o mundo em que vivemos desde o seu início. Tivemos um interregno durante muitos séculos, em que as mulheres não tinham acesso a lugares de topo e isso não estava certo. Portanto, o Walking Dead é espantoso em mostrar as mulheres tão fortes, senão mesmo mais fortes, em alguns aspetos. Mas isso é a realidade! Muitos colegas homens dizem: ‘As mulheres são a série. Estas mulheres são tão fortes e tão poderosas. São incríveis’. E muitas vezes elas aparecem para salvar os outros, como a Carol [Melissa McBride], por exemplo. Todas, e tantas vezes. Sim, todos têm o seu lugar e todos têm as suas forças, mulheres e homens, e eu adoro isso.

Veja na fotogaleria mais imagens com cenas da atriz na série Walking Dead [Fotografia: Gene Page/AMC]
Falando em realidade, qual é a sua opinião sobre o movimento #MeToo?

Eu fico contente que exista um movimento como o #MeToo, que as pessoas estejam a abrir os olhos e os ouvidos e que se sintam à vontade para denunciar situações. Isso é muito poderoso. E penso que talvez a razão para as pessoas não falarem antes tenha a ver com o facto de as fazerem sentir-se envergonhadas, quando o mais corajoso que podemos fazer é falar. Estou muito orgulhosa [com o [MeToo].

Já alguma vez foi assediada no seu trabalho?

Não, nada no mesmo nível que estas corajosas mulheres sofreram e de que se tem falado. Se tivesse passado por algo do género, teria denunciado.

Além da série Walking Dead também a conhecemos da saga de filmes Twilight. Depois de Walking Dead o que gostaria de fazer, em que área gostaria de trabalhar?

Qualquer coisa. Quer dizer, é por isso que adoro a indústria do cinema. São diferentes papéis, pessoas diferentes, desafios e personalidades diferentes que eu posso tentar interpretar tanto quanto possível. Não há assim nada que diga que nunca farei. Gostava de ter a oportunidade de experimentar tudo, e não aceitaria nenhum desafio se não me sentisse preparada e confiante para o assumir. Mas adoraria ter a oportunidade de fazer tudo.

Que tipo de personagem gostaria de fazer depois de deixar a pele desta Rosita forte e determinada?

[Risos] Esta série tem sido um desafio enorme e acho que vivi neste universo durante bastante tempo, por isso gostava de viver um mundo diferente agora e de sentir a excitação de começar algo novo. Algo que fosse completamente diferente e com a perspetiva de ser divertido. Adorava fazer algumas comédias. Sinto que já toquei vários géneros na representação, mas ir variando de uns para os outros ajuda a manter a sanidade mental.

Costuma manter contacto com os seus fãs portugueses, conhece Portugal?

Adorava conhecer. Eu quero visitar todo o mundo. Portugal é um destino sobre o qual eu e o meu namorado temos falado, por isso, talvez consigamos visitar o país em breve. Adoraria conhecer os meus fãs portugueses.

Fotografias: Gene Page/AMC