Cimento: duro como pedra, suave como manteiga

Em 2004, quando a Magis resolveu comercializar a Chair One Concrete (o número 9 da nossa galeria), muita gente se riu. É uma cadeira impossível de tombar, mas também de deslocar, e para contornar essa falta Konstantin Grcic, o designer, fê-la giratória permitindo assim aceder ao tampo da mesa ou da bancada.

Algumas modas radicais que de início fazem rir precisam apenas de tempo para que ao olhos do consumidor (naturalmente casmurro e/ou desconfiado e bota de elástico) se tornem um evidente bom desenho.

E o cimento nem é novidade chique, anda por cá, seguramente e de forma prosaica e documentada, desde o antigo império romano, o que permitiu àquela civilização construir em altura, como hoje, depois de constatarem que uma lama especial recolhida em duas ou três áreas da península endurecia depois de seca, fixando pedras ou tijolos.

Tecnicamente é o melhor dos dois mundos, do artístico e volátil, e do racional e permanente. É literalmente uma quebra de fronteiras.

O cimento é como uma pedra com memória, que se lembra daquilo que era depois de secar; mas durante o processo, tem qualidades maleáveis escultóricas que os designers começaram a redescobrir. É de longe mais barato, rápido e fácil trabalhar cimento que pedra, e a resiliência é praticamente a mesma.

A parte mais cara e morosa do processo é abrir o molde da forma que se quer reproduzir em cimento. Mas depois, é, como se costuma dizer, sempre a abrir, e em teoria, a forma pode ser reproduzida ao infinito.

Ao cimento que se usa hoje em dia no desenho de equipamento juntam-se novos materiais, como fibras e polímeros, que lhe conferem mais resistência e polidez, enquanto que o tornam mais leve e praticável no uso quotidiano.