Cinco chefs revelam o que temos de comer antes de morrer. Estas são “Mulheres com Tomates”

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[Fotografia: Divulgação]

O Mulheres com Tomates está de volta e tem data marcada para domingo, 15 de maio, na Adega do Marquês de Pombal, em Oeiras. Nesta edição, a quarta desde a criação do evento, em 2017, o desafio do encontro é o de convocar cinco mulheres chefs a mostrarem e apresentarem as suas regiões e a forma como têm reinterpretado esse legado.

Na antecipação do encontro, o Delas.pt pediu a todas elas que, a par de receitas de família irrepetíveis e o que cozinham quando o fazem apenas para si próprias, revelassem um produto ou mesmo uma receita das suas origens que todos devem mesmo provar antes de morrer.

E todas responderam ao repto: Angélica Cardoso pelo Porto, Marlene Vieira por Lisboa, Ana Moura por Porto Covo, Noélia por Tavira e Maria Solivellas em nome de Maiorca. “São símbolos da sua gastronomia, defensoras dos ingredientes, produtores e receitas locais, sem descurarem o lado da inovação, colocando a sua terra no mapa nacional e internacional”, lê-se no comunicado de Mulheres com Tomates, que este ano é dedicado ao tema As Chefs e a Cidade.

À margem da troca de experiências marcada para domingo, 15 de maio, estará aberta ao público “uma instalação/performance de Patrícia Gabriel na capela do Marquês de Pombal e uma degustação de pastelaria com o exclusivo Vinho de Carcavelos”, refere o comunicado. Neste caso, trata-se de uma criação específica da chef Sara Soares, apresentando uma mousse de citrinos, gel de Vinho de Carcavelos e crocante de amêndoa.

Veja abaixo o que revela cada chef:

Ana Moura

Depois de um percurso na alta restauração internacional e nacional, saiu da capital para voltar às suas origens, à vila de Porto Covo, e abrir um restaurante com o nome da família, Lamelas. Um lugar onde trabalha os produtos da Costa Alentejana com a sua assinatura e onde prova todos os dias que é possível descentralizar e ter sucesso na restauração.

[Fotografia: Divulgação]

Qual o petisco familiar “herdado” que não consegue igualar e porquê?
Ensopado de borrego, durante muitos anos não quis experimentar fazer para não perder a magia.

O que cozinha quando faz uma refeição apenas para si?
É raro acontecer, mas normalmente massa com legumes ou com o que haja em casa.

Um produto da região que qualquer pessoa deve provar antes de morrer e porquê?
O Almece. É um produto tradicional alentejano, resultante do soro de coalhada do queijo.

Angélica Salvador

Natural do Paraná, no Brasil, Angélica está em Portugal há cerca de 17 anos e em 2018 abriu o restaurante na Foz do Porto, In Diferente. A sua cozinha enaltece os produtos e pratos da cozinha portuguesa com o toque especial do outro lado do atlântico.

[Fotografia: Divulgação]

Qual o petisco familiar “herdado”que não consegue igualar e porquê?
Arroz carreteiro da minha mãe, uma delícia que para mim só naquelas mãos ficam inesquecíveis.

O que cozinha quando faz uma refeição apenas para si?
Massa com atum e pesto adoro (rápido e prático para um dia de folga).

Um produto da região que qualquer pessoa deve provar antes de morrer e porquê?
O produto “alheira” aqui no norte. Comemos alheiras maravilhosas com aquele sabor de comida de conforto.

Marlene Vieira

Natural do Norte, tem raízes em Lisboa onde é proprietária do restaurante ZunZum Gastrobar e do recém-inaugurado Marlene,. Um exemplo de liderança e empreendedorismo no feminino num mundo ainda maioritariamente masculino.

[Fotografia: Paulo Spranger/ Global Imagens]

Qual o petisco familiar “herdado” que não consegue igualar e porquê?
A aletria que a minha mãe faz. Por mais que ela já tenha feito à minha frente vezes sem conta, não consigo fazer e não consigo explicar se é a técnica de o momento de adicionar determinado ingrediente, não sei!

O que cozinha quando faz uma refeição apenas para si?
Faço ovos com qualquer coisa. Ovo é o principal, depois junto o que tiver como legumes, batata, arroz.

Um produto da região que qualquer pessoa deve provar antes de morrer e porquê?
Vivo e trabalho numa região que não é a minha naturalidade, mas que entretanto adotei como se fosse minha. Lisboa é muito grande e, por isso, tem muitos ingredientes vindo dos arredores, temos os legumes e frutas que vêm do Oeste, e posso selecionar as maçãs, pêras e morangos. São de ótima qualidade no que toca à textura e sabor.

Noélia

Conhecida pela sua cozinha, mas também por ser a “cozinheira dos chefs”, Noélia tem o seu restaurante familiar em Cabanas de Tavira onde trabalha uma cozinha regional com rasgos de criatividade.

[Fotografia: DR]

Qual o petisco familiar “herdado” que não consegue igualar e porquê?
A canja de pombo da minha mãe e a galinha cerejada com arroz de forno (no forno a lenha da minha avó materna). Inesquecível.

O que cozinha quando faz uma refeição apenas para si?
Faço muitas vezes ovos estrelados.

Um produto da região que qualquer pessoa deve provar antes de morrer e porquê?
As ostras devido ao intenso sabor a mar.

Maria Solivellas

É em 2001 que Maria regressa às suas origens e abre o Ca na Toneta, em Caimari, Maiorca, onde pratica uma cozinha mediterrânea que valoriza não só os produtos locais, mas também a cultura.

[Fotografia: DR]
Qual o petisco familiar “herdado” que não consegue igualar e porquê?
O gelado de amêndoa que a minha avó fazia com uma geladeira manual e com leite de ovelha recém-ordenhada. Já não consigo leite de tão boa qualidade e a geladeira estragou-se, não existe outra que deixe uma textura tão especial.

O que cozinha quando faz uma refeição apenas para si?
Não gosto de cozinhar para mim, por isso basicamente uso um bom produto com pouca confeção/elaboração.

Um produto da região que qualquer pessoa deve provar antes de morrer e porquê?
A sobrassada de Porco Negro, é um enchido maiorquino, muito peculiar, untuoso com muito umami, delicioso.