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Cinco erros sobre amor-próprio que tem de desfazer já

[Fotografia: Pexels /Cottonbro]

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Amor-próprio é o sentimento de respeito que uma pessoa tem por si própria ou a autoestima. Há quem pense que serve de bengala para que haja força de vontade ou que é falta de humildade tê-lo.

Na realidade, amor é o “oxigénio da vida” que permite acolher um propósito. Esta é a ideia perpetuada no livro Bem me quero [Editora Arena] pela autora e Coach de Empoderamento Feminino, Catarina Corujo, que o escreveu com o intuito de ajudar a leitora a aceitar-se e a amar-se a si própria, depois de também ela ter passado por um processo de não-aceitação de si mesma, tendo estado em luta com o próprio corpo durante 28 anos e contando o seu testemunho.

[Fotografia: Instagram de Catarina Corujo]
Na obra, são evidenciadas cinco ideias erradas sobre o conceito de amor-próprio. A primeira prende-se com a acomodação. Há quem acredite que ter esta emoção é aceitar viver anos a fio reprimida numa prisão de si mesma. Ter amor-próprio é exatamente o oposto. Passa por priorizar a sua própria intenção, os seus valores pessoais e as crenças empoderadoras que tem sem permitir que a energia de terceiros interfira nisso. É ser capaz de dizer “sim” ou “não” sem sentir culpa ou remorso e, sobretudo, não aceitar menos do que merece. Marcar uma consulta no médico sem ter medo de ser silenciada ou descredibilizada é um exemplo.

Também há quem considere que promover o desleixo é sinónimo de amor-próprio. A verdade é que esta emoção não se pauta pela teoria do “no pain, no gain” [sem esforço não há resultados, em tradução literal], uma vez que não é a sofrer que se ama. Mas sim enfrentar o sofrimento causado pelo passado para a libertação do mesmo através da ressignificação, de acordo com a Coach de Empoderamento Feminino, Catarina Corujo. Esta é a sua crença, uma vez que foi a amar-se que ganhou confiança em si mesma e que pediu ajuda para aceitar-se tal como é. Amor-próprio não é desculpa para ter preguiça, pelo contrário. Permite-lhe explorar o corpo e descobrir como o quer mexer. A autora, por exemplo, viveu 17 anos da sua vida a odiar exercício físico por o encarar como um sofrimento. Atualmente, não pensa da mesma forma. Confidenciou, aliás, que foi o amor-próprio que a fez adquirir hábitos diários tão simples como: alongar e fazer uma dança matinal, ver o pôr-do-sol durante uma caminhada, fazer uma corrida ou até emocionar-se no fim de uma aula de yoga ao ter percebido que um movimento que, ao início, não conseguia fazer, ao fim de um mês já era uma extensão natural do seu corpo. Catarina Corujo revelou, assim, que só recuperou o amor pela vida quando começou a acreditar em si, a conquistar novos recordes pessoais e a sentir o seu corpo. Este exemplo demonstra que amor-próprio traz saúde num todo e não é direcionado apenas para uma área particular da vida.

[Fotografia: Penguin Livros]
Outro entendimento bastante comum e errado é, segundo a autora, o de que o amor-próprio é centrado no ‘eu’. Segundo a também ativista, esta visão é difundida pela sociedade da “urgência”, que impõe resultados visíveis e palpáveis em “tempo recorde”. Não se esqueça que a autoestima traz “aceitação, paz, equilíbrio e sustentabilidade de comportamentos e hábitos para a vida” e não o contrário.

Há ainda quem considere que normalizar a obesidade é um sinal de amor-próprio. Promoção, romantização ou até glamourização são sinónimos de que se ouve falar e nenhum é correto. A aceitação corporal e o amor-próprio proporcionam apenas o amor para lá do seu próprio corpo. É a capacidade que cada um tem em se amar, ultrapassar e surpreender sem ter como base as mudanças corporais. Se está a passar por um distúrbio alimentar, uma depressão ou se tem crenças autodestrutivas, deve ter atenção a quem recorrer para pedir ajuda. 97% é a percentagem de insucesso de dietas, conforme refere no livro a Coach de Empoderamento Feminino, afirmando que a indústria das dietas tem como propósito “promover dependência, doença mental e doença física e exclusão social.” A solução, para Catarina Corujo, para curar os danos que esta cultura criou no psicológico das pessoas como “a libertação da culpa, da vergonha, a rejeição constante, tentativas suicidas e a obsessão pelo corpo e as dificuldades em se relacionar consigo e com os outros”, é o surgimento da aceitação corporal e de todos os movimentos de libertação do corpo. A autora de Bem me quero faz ainda alusão aos discursos gordofóbicos com que muitas mulheres são confrontadas diariamente como anúncios a xaropes ou gomas inibidoras de apetite, considerando tratarem-se de mensagens regidas pela “ditadura de um único tipo de corpo.” Alerta ainda para o consumo de suplementos extra, afirmando que as gomas mencionadas acima e os detox extra, por exemplo, são recomendados apenas para se gastar mais dinheiro e não para se obter um estilo de vida equilibrado.

Um último indicativo dado como certo é o de que a perspetiva de amor-próprio é igual para toda a gente. Se pensa isso, desengane-se. O amor-próprio é uma jornada pessoal de cada pessoa, pelo que não se pode forçar ninguém a ter a mesma perspetiva sobre o assunto. Além de que deixar de fazer algo que antes considerava tóxico não lhe confere o poder de dar lições de amor-próprio a toda a gente, pois, em concordância com a autora, só vai dar azo a que pensem que é convencida ou narcisista. Lembre-se sempre de que todos têm ritmos e rumos diferentes.