Joana Guerreiro, 40 anos, é ainda uma das poucas mulheres comandantes na aviação comercial. Do outro lado, José Bagulho, 52 anos, é um dos raros homens que, em Portugal, é educador de infância de crianças dos três aos cinco anos. Juntos, esta mulher e este homem são os rostos de uma campanha promovida pela Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego (CITE) e pensada para assinalar o dia do Trabalhador, que é evocado a 1 de maio. “A mensagem que queremos passar é que todas as profissões são para todas as pessoas”, começa por explicar ao Delas.pt Joana Rabaça Gíria.
A presidente da CITE explica que a entidade – que assinala em 2019 quatro décadas de existência – “preocupou-se em celebrar o dia do trabalhador e da trabalhadora vincando que não existem profissões exclusivamente para homens e para mulheres”. “O que importa é que toda a sociedade esteja ciente que qualquer um, independentemente do género, tem talento para exercer qualquer profissão, seja ela qual for. Não há apetência natural, o que significa que mulheres e homens devem poder escolher, manter-se e chegar a qualquer cargo de chefia, mantendo a tónica na capacidade e autonomia individual”, justifica Rabaça Gíria.
A razão que levou à escolha destas profissões, comandante da aviação comercial e educador de infância, prende-se, explica a presidente, pela “necessidade de escolher profissões em que há uma percentagem predominante de um género em detrimento do outro”. E tendo em conta a fácil adesão de ambos protagonistas, tal só revela que “algo já está a mudar”. Mas não chega.
E nos cargos de chefia?
Numa altura em que a lei produzida tem vindo a criar mecanismos de paridade a nível empresarial, da administração do Estado e até a nível político – apertando as regras que já existiam -, a verdade é que as mulheres nos centros de decisões estão muitas vezes em cargos não executivos, sendo os executivos ainda muito dominados por homens.
Não fosse esta uma distinção clara, é tempo para perguntar se no topo, as funções delas não são de género, mais ligadas, mais das vezes aos recursos humanos, à organização, à comunicação? “Sim, elas continuam muito ligadas aos cuidados. Acreditamos que isso irá mudar com os mecanismos legais que têm vindo a ser criados”, reitera Joana Rabaça Gíria, que não descura que esta campanha de género agora lançada e, 2019 possa dar um contributo para encurtar essa disparidade.
Associada à campanha que agora vai chegar aos meios de comunicação estará um número de telefone. “Será uma linha para onde as pessoas podem ligar e tirar todas as dúvidas relativas ao trabalho e ao emprego, onde podem obter informação sobre mecanismos de paridade, mas também sobre conciliação, parentalidade, discriminação entre homens e mulheres, disparidade salarial, assédio no trabalho”, enumera a responsável da CITE.
40 anos e múltiplos olhares para o trabalho
Para lá da campanha que procura desconstruir preconceitos associados às profissões, sublinhar que o acesso a funções profissionais está relacionada com competências individuais e que procura sensibilizar ao nível dos processos de recrutamento e de desenvolvimento de carreiras, a CITE está assinalar as quatro décadas de existência com vários contributos de especialistas em matéria de trabalho. Iniciativas que decorrem ao abrigo da hastag #cite40anospelaIgualdade
“Estamos a publicar mensalmente no nosso site um artigo elaborado por personalidades que tenham contribuído para a valorização da igualdade no trabalho. Depois de um primeiro da socióloga Sara Falcão Casaca, temos agora um artigo da professora Heloisa Perista e vamos continuar a recolher estes contributos”, avisa a presidente do organismo.
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