Clérigo saudita defende que mulheres não deviam ser obrigadas a usar abayas

Hijab

A Arábia Saudita, um dos países do mundo mais opressivos para as mulheres, parece apostada em conceder cada vez mais direitos aos cidadãos do sexo feminino. Agora, o sinal vem diretamente da esfera religiosa, com um clérigo superior a defender a não obrigatoriedade do uso das abayas, uma espécie de robe negro que as mulheres sauditas usam em público, para cobrir as restantes roupas.

Mais de 90% das mulheres muçulmanas devotas, no mundo muçulmano, não usam abayas. Por isso, não devemos obrigar [as sauditas] a usá-las”, disse, o sheikh Abdullah al-Mutlaq, na passada sexta-feira, num programa televisivo do país.

Esta é a primeira vez que um membro do Conselho Superior de Clérigos defende publicamente o fim do uso obrigatório daquele código de vestuário com carga religiosa e moral. O governo ainda não se pronunciou sobre a possibilidade de mudar a lei que o regula, apesar das reformas a favor dos direitos das mulheres recentemente introduzidas pelo príncipe herdeiro Mohammad bin Salman.

No mês passado, as mulheres entraram pela primeira vez num estádio e para assistir a um jogo de futebol e, no final de 2017, foi finalmente concedida a autorização para as mulheres conduzirem veículos motorizados. Com a medida, que entra em vigor a partir de junho deste ano, as mulheres vão passar a poder guiar carros, motas e camiões.

Apesar disso, as mulheres sauditas enfrentam ainda muitas restrições, mas alguns analistas veem nestes passos uma preparação do regime saudita para a era pós-petróleo e também uma extensão da conflitualidade e competição diplomática com o Irão, outros dos países mais restritivos para as mulheres, que recentemente anunciou que vai deixar de prender as mulheres por não usarem hijab, o véu islâmico.

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