Como é que as mulheres viveram o 25 de abril de 1974?

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Eleições para a Assembleia Constituinte. Primeiras eleições livres e democráticas a seguir ao 25 de Abril. Venda de cravos. © Esta fotografia não pode ser reproduzida por qualquer forma ou quaisquer meios electrónicos, mecânicos ou outros, incluindo fotocópia, gravação magnética ou qualquer processo de armazenamento ou sistema de recuperação de informação, sem prévia autorização escrita da Global Notícias.

Elas não foram as protagonistas da História que se escreveu a 25 de abril de 1974. Assistiram aos acontecimentos de longe mas as suas vidas ficariam profundamente marcadas pela Revolução dos Cravos.

Aida Veiga Santos nasceu em 1948, numa aldeia do interior norte de Portugal. Deixou a escola cedo, como era hábito para as raparigas de uma região afetada constantemente pela pobreza e pela fome nos anos 50 e 60. Depois de cuidar dos irmãos mais novos, acabou por ir trabalhar como criada de servir aos 12 anos. “Havia maus tratos, era normal.” Com 26 anos, assiste à alteração do quotidiano da casa onde serve, à medida que o ano de 1974 vai passado.

O 25 de abril de 1974 visto por uma empregada interna de um agente da PIDE

 

Maria Manuela Amoedo vivia no Lobito, em Angola, onde as notícias da Revolução chegaram com naturalidade. Havia quem esperasse a mudança política, quem a desejasse. Por isso, a rotina imediata da família e da cidade não se alterou. “Angola seria independente. E isso era o que todos, de forma generalizada, ansiavam. Íamos deixar de sustentar Portugal com as riquezas de Angola.” Nunca imaginou que o processo de independência da então colónia portuguesa a expulsasse da terra que a viu nascer.

 

O 25 de abril de 1974 visto por uma adolescente de Lobito

 

Maria João Botelho Paes viu as terras da família serem ocupadas durante o Processo Revolucionário em Curso. Teve 15 dias para deixar a casa onde vivia, depois de ter passado por um período em que a família era obrigada a pagar a trabalhadores que não eram necessários, enviados pelos sindicatos. “Tudo isto foi muito bem pensado: primeiro a descapitalização, depois a ocupação com direito absoluto aos animais e tudo o que as propriedades tivessem (tratores, máquinas e todo o mais)”, refere. Hoje, tem pela revolução sentimentos mistos. Apesar do que passou reconhece a importância do 25 de abril para “a liberdade e o desenvolvimento que temos hoje.”

 

O 25 de abril de 1974 visto por uma agricultora do Alentejo