Guia de compras por pessoa para 14 dias em casa e sem açambarcamento

Notícias Magazine

Desde a vitamina D, a cuidados específicos de higiene na alimentação e na preparação dos alimentos, o novo manual da Direção-Geral da Saúde (DGS) quer reforçar a importância das “boas práticas de higiene e segurança” para prevenir a Covid-19.

Do documento fazem parte quase duas dezenas de indicações – que incluem cuidados especiais com idosos e amamentação – mas também estão enumeradas as quantidades médias de alimentos que devem existir em casa durante 14 dias, por pessoa.

Detalhes de um kit alimentar para duas semanas que tem caráter meramente orientador e que pode ver na imagem abaixo e que foi extraída do documento.

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[Fotografia: DGS]
Os valores apresentados são de referência e devem ser ajustados consoante a média de consumo. Mas, para pequeno-almoço, presume-se uma média de 700 gramas de pão e 500 de cereais, existindo outras possibilidades do documento.

As quantidades de carne ou peixe estão também referidas, consoante o gosto, mas refere-se, a título geral, a necessidade média de três quilos de arroz, massa ou batata, um quilo de leguminosas, três quilos de fruta, 2,5 de hortícolas, um iogurte por dia, cinco litros de leite e 600 gramas de queijo.

Uma vez mais, importa relembrar que se trata de uma média por pessoa, para os 14 dias de quarentena, que termina a 31 de janeiro. Deve ser ainda sublinhado que não deve comprar tudo de uma só vez, afinal é possível ir às compras, tendo sempre em conta de que as idas devem ser reduzidas em número e tempo.

Maria João Gregório, diretora do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável da DGS explicou que o Manual nasceu com o objetivo de responder a questões que têm surgido entre a Covid-19 e a alimentação.

Subdividido em temas, o documento, que esclarece não existe transmissão através dos alimentos, sugere orientações para o planeamento e a compra de alimentos e seis passos para uma alimentação saudável em tempos de Covid-19.

De acordo com Maria João Gregório à agência Lusa, a evidência científica indica que os alimentos “não são uma via de transmissão”, mas que são necessários reforços nas “boas práticas de higiene e de segurança”, especialmente no momento da compra dos alimentos.

“Não vamos ficar fechados em casa, portanto não temos de ter uma preocupação acrescida em fazer a compra de muitos alimentos e açambarcar, mas temos de modificar o nosso comportamento na compra”, afirmou, adiantando que o manual recomenda a redução “da frequência da ida às compras e um maior planeamento”.

“No momento da compra, devemos assegurar e ter em consideração algumas medidas de segurança, nomeadamente, etiqueta respiratória, cumprir as distâncias de segurança e evitar o manuseamento excessivo de alimentos. É isso que reforçamos neste manual”, referiu.

Nesse sentido, o manual sugere o cumprimento da lista de compras, a escolha de produtos e alimentos com um prazo de validade mais longo e a compra de produtos frescos.

Além destas medidas, o documento propõe ainda um ‘kit’, isto é, indica os alimentos e quantidades que são necessárias para assegurar a alimentação durante um período de 15 dias. Os alimentos seguem as orientações da roda dos alimentos e a quantidade é deixada à consideração da população, uma vez que depende da “capacidade de armazenamento” de cada família.

Paralelamente, o manual propõe “seis passos para uma alimentação saudável”, tendo por base a necessidade de a população “manter as rotinas e os horários das refeições”, bem como o aproveitamento do tempo.

Além destas duas orientações, o documento esclarece também se a alimentação pode reforçar o sistema imunitário e a questão do aleitamento materno.

Segundo Maria João Gregório, são várias as dúvidas que têm surgido quanto à importância da alimentação, especialmente, porque tem também existido “alguma desinformação”.

“Não podemos deixar de nos focar nas medidas que são importantes para prevenirmos a propagação deste vírus e da doença Covid-19”, afirmou a diretora, adiantando que as práticas de higiene “continuam a ser a melhor forma de prevenir a doença”.

Quanto ao aleitamento materno, face ao surto de Covid-19, a responsável adiantou que, apesar de ser “pouca a evidência científica”, um estudo realizado a nove mães aponta que “o leite materno não é uma via de transmissão”.

“A experiência que temos relativamente a outros vírus respiratórios também apontam nesse sentido, mas a verdade é que existe no momento da amamentação uma proximidade que pode colocar aqui alguns riscos. É necessário, mais uma vez, reforçar todas as precauções para que esta relação próxima possa acontecer com a maior das seguranças e as mães terão, naturalmente, de ser informadas sobre os riscos e benefícios e tomar uma decisão informada“, reforçou.

Nesse sentido, o documento sugere, por exemplo, a lavagem das mãos antes e depois de cada mamada, a utilização de uma máscara durante a amamentação e a desinfetação dos objetos e superfícies usados frequentemente.

O manual aborda ainda o estado nutricional dos idosos, que, tratando-se de um grupo de risco, são aconselhados a adotar “medidas” para reduzir o risco de contaminação.

“Sabemos que o estado nutricional dos idosos muita das vezes não é o mais adequado, portanto, neste manual colocamos um conjunto de orientações relativamente à sua alimentação“, concluiu Maria João Gregório.

Entre outras questões, o manual recomenda que este grupo etário consuma duas a três porções de fruta por dia, que a sopa de hortícolas esteja presente nas duas refeições diárias e que devem consumir carne, pescado e ovos nas duas refeições.

Porque temos sempre mais vontade de comer quando estamos em casa?