Concentração de espermatozoides nos homens ocidentais reduz para metade em 38 anos

A concentração de espermatozoides nos homens dos países ocidentais diminui para metade em 38 anos, revela um estudo internacional, coordenado pela Universidade Hebraica de Jerusalém, em Israel.

A investigação, publicada no jornal ‘Human Reproduction Update’, foi feita a partir de 185 estudos que recolheram amostras de sémen de 42 935 homens de países ocidentaisAustrália, Nova Zelândia, América do Norte e Europa –, entre 1973 e 2011. Os resultados mostraram que, nos países dessas regiões, houve uma redução de 52,4% na concentração de espermatozoides e uma diminuição de 59,3% na contagem total das células reprodutivas no esperma.

Apesar de não ser o primeiro a mostrar um declínio na concentração de espermatozoides, as suas conclusões deixaram Hagai Levine, epidemiologista e coordenador da investigação, alarmado.

“Os resultados são bastante chocantes”, afirma o investigador, citado pelo ‘The Guardian’, acrescentando que esta é uma área que tem sido negligenciada e que pode refletir uma deterioração do estado de saúde do sexo masculino no geral.

“Isto é o clássico grande problema de saúde pública que passa despercebido e que tem sido negligenciado”, sublinha. Levine sublinha que os tratamentos de infertilidade têm obtido soluções através da Fertilização In Vitro mas que pouco tem sido feito na origem das situações.

Os números e as limitações dos estudos
O estudo agora publicado põe em contraste as amostras recolhidas nos homens dos chamados países ocidentais, com as de homens de outras regiões do globo, como a América do Sul, Ásia e África. Nestas zonas, não se verificou a mesma tendência de redução de espermatozoides, mas os investigadores advertem que daí não se pode concluir imediatamente uma exclusão do problema, já estudos feitos nessas áreas são em muito menor número.

Parte da comunidade científica questiona, de resto, a forma como algumas investigações do género têm sido desenvolvidas e os respetivos resultados, referindo que a diminuição apontada pode dever-se a alterações nos métodos dos laboratórios, ao facto de as amostras serem pequenas ou de serem feitas com homens que recorreram a clínicas de fertilidade.

Segundo Levine, a investigação que liderou levou em conta essas limitações e focou-se apenas em estudos que usassem o mesmo método de contabilização dos espermatozoides, com uma amostra de tamanho razoável e que envolvessem homens sem problemas de infertilidade conhecidos ou outras doenças.

Causas difíceis de apurar

Mais difícil parece ser encontrar as causas que expliquem essa queda acentuada. Ao facto de a saúde reprodutiva masculina ser ainda uma área pouco analisada, juntam-se várias causas possíveis que podem contribuir para o declínio na concentração de espermatozoides, mas que não o explicam na totalidade.


Veja na fotogaleria, em cima, algumas das causas apontadas para o problema


A idade, a obesidade, o tabaco, a falta de atividade física e do stress e a exposição a pesticidas e químicos presentes em diversos produtos são algumas das que têm vindo a ser apontadas, sem que no entanto tenha havido evidências concretas que mostrem uma correlação definitiva.

Levine afirma que é urgente descobrir a razão para esta queda continuada do número de espermatozoides para se inverter a tendência e enquanto isso não acontece manter os esforços de combate ao sedentarismo, à obesidade e ao tabaco.