Croché, bordados de Viana e pedraria na Valquíria Dior da portuguesa Joana Vasconcelos

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[Fotografia: Geoffroy Van der Hasselt / AFP]

Em tons de azul, feita com os tecidos da coleção concebida por Maria Grazia Chiuri e com croché de lã, pedraria e bordados de Viana. Estes são os detalhes técnicos da Valkyrie Miss Dior, peça de arte instalada por Joana Vasconcelos no desfile da Dior, esta terça-feira, 28 de fevereiro, na Semana da Moda de Paris e dedicada à coleção feminina para a temporada outono/inverno 2023-2024.

A artista portuguesa, tal como o Delas.pt antecipou, aplicou nesta Valquíria, “Valkyrie Miss Dior”, os tecidos usados nesta coleção, algo “nunca feito” segundo a artista.

As Valquírias de Joana Vasconcelos são grandes estruturas com vários braços, inspiradas no mito escandinavo em que as mulheres enviadas de Odin tinham a missão de escolher os vencedores e acompanhar os guerreiros mais corajosos após a morte.

[Fotografia: Geoffroy Van der Hasselt / AFP]
Esta não é a primeira vez que a artista colabora com a Dior, tendo realizado em 2013 a peça “J’adore Miss Dior”, em que utilizou centenas de garrafas de perfume da marca para fazer um laço gigante.

Em 2019, fez a reinterpretação da icónica mala Lady Dior, com um coração em LED. “Nunca tínhamos feito uma coisa tão grande. Aprendi [com a Dior] um grau de profissionalismo, de exigência. A moda tem um ritmo muito mais acelerado que as artes plásticas. Tenho aprendido muito com esta colaboração, com regras diferentes, mas onde as pessoas querem estar cada vez mais unidas, querem partilhar para crescer”, declarou.

O projeto para esta Valquíria começou a ser discutido no verão de 2022 e a execução teve início em novembro, em estreita colaboração com Maria Grazia Chiuri, diretora artística da Dior.

Desde o início, tal como acontece nas suas outras obras neste formato, Joana Vasconcelos queria que esta peça homenageasse uma mulher.

“Eu disse logo que não ia fazer uma peça só por fazer, disse que tinha de haver uma história, temos de prestar homenagem a alguém, a uma mulher importante na história da Dior. E depois, de repente, a [diretora artística] começou a falar-me da irmã do Christian Dior, a Catherine Dior, e fez-me todo o sentido homenageá-la”, contou a artista.

Catherine Dior foi uma resistente francesa capturada pela Gestapo em 1944, antes da libertação de Paris. Deportada para o campo de concentração de Ravensbrück, passou depois por várias prisões de trabalho forçado até ser liberdade em 1945. Regressada a França, recebeu várias homenagens pela sua participação na guerra.