Conheça os alimentos que fazem bem e mal aos dentes

“Mais do que talvez possa pensar, a nossa alimentação pode influenciar bastante a saúde dos dentes e gengivas”. Quem o diz é Miguel Stanley, dentista e responsável da White Clinic e que enumerou e justificou quais os melhores e os piores alimentos para os dentes.

Vinca o médico que se “a saúde dos dentes e gengivas pode influenciar o tipo de alimentação que é feita”, também “isso, por sua vez, pode influenciar a saúde de todo o organismo”.

“Acontece que quando os dentes estão comprometidos ou mesmo ausentes, torna-se difícil ou impossível ingerir vários alimentos que são essenciais em termos nutricionais, o que pode levar a pessoa a carências severas que comprometem a saúde em geral”, afirma Stanley.

 

Percorra a galeria acima para ficar a conhecer os melhores e os piores alimentos em matéria de cuidados dentários e saiba o porquê. Sempre tendo em mente que “é importante seguir uma alimentação o mais equilibrada possível”, com a limitação “do consumo de alimentos menos benéficos” e com a recusa “dos mais prejudiciais, nomeadamente alimentos ricos em açúcar e gorduras”, sublinha o especialista.

Maças, kiwis, queijo e hortelã. Aliados que temos à mesa com frequência

Diz o ditado inglês que “an apple a day keeps the doctor away”. Ou seja, em tradução livre, tal quer dizer que se se ingerir uma maça por dia, há mais saúde e adiar-se-á a ida ao médico. Também no que aos dentes diz respeito aquela máxima parece aplicar-se.

“A sua textura fibrosa estimula as gengivas e a saliva que é produzida durante a mastigação participa na remoção dos restos alimentares presentes na cavidade oral”, justifica Stanley. Mas há mais frutas aliadas, como o kiwi.

Também o queijo deve estar nesta lista porque, explica o dentista, “tem um pH que neutraliza a acidez da boca. O pH ácido, presente na boca após as refeições, faz com que haja destruição do esmalte dos dentes, o que pode levar ao aparecimento de cáries. Assim, o queijo, ao neutralizar o ácido, funciona como um alimento ´protetor´ e por isso é uma boa opção para ingerir após as refeições.”

O médico lembra também que os “alimentos que contenham cálcio, como iogurtes, leite e amêndoas, são também uma ótima opção, desde que sem adição de açúcar. O cálcio tem a importante função de fortalecer os dentes”.

Por fim, a hortelã. Stanley lembra que para além de proporcionar hálito fresco, tem “propriedades anti-inflamatórias”.

Os demónios dos dentes

O açúcar é inesquecível nesta lista. “É provavelmente do conhecimento da população em geral que os alimentos que contêm açúcar são prejudiciais para os dentes e que a sua ingestão frequente aumenta bastante o risco de aparecimento de lesões de cárie. Sendo mais grave se os alimentos forem retentivos”, esclarece o dentista. Por isso, é fácil concluir que se fala de bolachas, bolos, rebuçados e gomas, mas também de mel.

Também os molhos estão nesta lista porque, lembra Stanley, “à partida não pensamos terem açúcar, mas eles têm quase sempre esse ingrediente na sua constituição, pelo que devemos evitá-los ou optar por soluções caseiras sem açúcar”.

Mas se as cáries são um problema, não são, porém, o único. “Certos alimentos podem alterar a cor dos dentes e comprometer muito a estética e, por isso, o seu consumo deve ser moderado. O café, o chá, o molho de soja, os frutos vermelhos e o vinho são alguns exemplos”.

Um consumo que pode trazer um risco acrescido se “o esmalte dos dentes já se encontrar algo desgastado e poroso”, refere o dr. White.

“Por fim, existem ainda alimentos que devido à sua natureza ácida podem provocar desgaste dos dentes. Este desgaste tem o nome específico de erosão e é provocado por alimentos como o limão, a laranja, coca-cola, água gaseificada e vinagre”.

Tabaco, álcool e os riscos de cancro

Tudo o que é de mais, faz mal. Se, por um lado, “se encontra descrito que existem benefícios associados a um consumo moderado de algumas bebidas alcoólicas, como o vinho tinto, nomeadamente, a redução do risco de doenças cardiovasculares devido aos antioxidantes presentes nesta bebida”, certo é que “o consumo em excesso é prejudicial tanto para a saúde oral como para a saúde em geral”.


Conheça também as doenças que se manifestam na boca


O tabaco, por sua vez, não tem qualquer fator contemporizador. “É sempre prejudicial, sendo mesmo o principal fator de risco para o desenvolvimento de cancro oral”, alerta Stanley.

O médico recorda até o estudo do National Institute of Dental and Craniofacial Research, segundo o qual “os fumadores têm um risco três vezes superior aos não-fumadores de vir a ter cancro oral”.

“A exposição continuada aos constituintes do tabaco pode resultar em manifestações orais como lesões de cárie cervicais (junto à gengiva), melanose do fumador (pigmentação na gengiva e bochecha), língua pilosa e aftose. Para além das já referidas manifestações, o tabaco debilita o sistema imunitário, tornando o indivíduo menos apto a responder a infeções e comprometendo o processo de cicatrização e regeneração dos tecidos”, recorda o dr. White.

Por isso, quer o tabaco, quer o álcool constituem “fatores de risco para o aparecimento de cancro oral, da faringe e da laringe”.

O especialista diz ser “de uma importância extrema” fazer “um exame regular aos tecidos moles e duros nas consultas de rotina”.

Entre os efeitos nocivos do álcool e do tabaco estão – acrescenta o dentista – “as doenças periodontais (que afetam os tecidos de suporte dos dentes: gengiva, osso e ligamento), as manchas nos dentes e o mau hálito”.

Mas há mais: “Algumas destas substâncias provocam ainda secura bucal, havendo menos quantidade de saliva disponível. Esta menor disponibilidade vai prejudicar a ação natural que a saliva tem de limpeza da cavidade oral o que torna o indivíduo mais suscetível a infeções”.

“Na White Clinic, a primeira consulta tem o objetivo de avaliar a condição clínica dos pacientes no seu todo. Assim, é sempre realizada uma radiografia panorâmica, radiografias peri-apicais e, sempre que necessário, uma tomografia computorizada, com o objetivo de avaliar as peças dentárias bem como despistar possíveis alterações nos tecidos duros (quistos, tumores)”, refere. “Para além disto, é feito um exame extra e intra-oral completo aos tecidos moles, onde todas as estruturas são cuidadosamente examinadas (lábios, língua, mucosa, palato, faringe, amígdalas). Estes procedimentos são repetidos nas consultas de rotina”.

Só assim, diz, “é possível diagnosticar precocemente qualquer alteração ao estado de saúde que possa surgir, minorar as consequências que a mesma possa ter, bem como efetuar o tratamento adequado.”

Imagem de destaque: Shuterstock