Conheça Simone Biles, a estrela da ginástica nos Jogos Olímpicos

Biles
Fotografia de Mike Blake/Reuters

Esta foi a primeira vez que a ginasta norte-americana Simone Biles, de 19 anos, competiu nos Jogos Olímpicos. Mas desengane-se quem pensa que a falta de experiência olímpica é um entrave para a atleta. Na terça-feira, a adolescente foi à final por equipas conquistar a sua primeira medalha de ouro e tudo aponta para que ganhe mais quatro sem dar qualquer hipótese às adversárias. No entanto, não é só pelo desempenho desportivo que esta ginasta prodígio se tornou uma das principais figuras do evento no Rio de Janeiro. A sua triste infância também está a emocionar o mundo.

Simone Arianne Biles nasceu em 1997 na capital do estado norte-americano do Ohio, em Columbus. A mãe, viciada em droga e sem condições para criar Simone e a irmã, Adria, acabou por abandoná-las. Ficaram ao cuidado dos avós, que decidiram adotá-las. Numa entrevista à última edição da revista Time, a jovem confessou que, durante a infância e adolescência, tentava muitas vezes imaginar como teria sido a sua vida se a mãe não a tivesse abandonado.


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“Pergunto-me se ela se sente mal com o que aconteceu, se desejaria ter feito as coisas de forma diferente”, desabafou Simone Biles.

Quando a norte-americana tinha seis anos, os avós aperceberam-se da queda da neta para a ginástica. Colocaram-na em consultas com um psicólogo desportivo e levaram-na a uma academia onde trabalhava Aimee Boorman, a ainda atual treinadora da ginasta. Assim que viu como Simone Biles “voava”, Boorman percebeu que estava diante de uma campeã. Hoje treinam num espaço mandado construir pela família da norte-americana na cidade de Spring, no Texas.

Os primeiros anos foram difíceis. A adolescente deixava-se levar pelos nervos, que a levavam a falhar. Quando aprendeu a controlar as emoções nunca mais ninguém a parou.

“Diria que ela não demora mais do que três dias a aprender uma nova habilidade. A maioria das atletas precisam de anos”, explicou Aimee Boorman ao The New York Times.

11 medalhas de ouro em três anos
A estrela da ginástica do Rio de Janeiro 2016 ganhou a primeira medalha em 2013, um ano depois dos Jogos de Olímpicos de Londres. Entre 2013 e 2015 participou em três mundiais de ginástica artística e nunca ninguém a conseguiu parar. Venceu sempre a prova individual geral e conquistou várias medalhas. Já soma 10 só de ouro. Na terça-feira, no Brasil, juntou mais uma à coleção.

Com apenas 1,45 metros de altura, Simone Biles até já tem o seu próprio movimento artístico. Chama-se The Biles, foi executado pela primeira vez por ela em 2013 e caracteriza-se por dois mortais e uma meia volta no solo. Nem as adversárias duvidam que ela é imparável.

“A diferença entre o primeiro e o segundo lugar é, normalmente, de três décimos, cinco décimos, e ela chega e ganha com uma diferença de um ou dois pontos. Ninguém está sequer perto [da qualidade] dela”, afirmou Nastia Liukin, vencedora da medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Pequim 2008, à Time. O próprio jornal espanhol El País, quando se refere a Biles, garante que não há “possibilidade de ganhar ou, pelo menos, de o tentar”.

Nervos imparáveis deram lugar a sorriso calmo
Há uns anos os nervos impediam-na de brilhar. Hoje, só as adversárias ficam nervosas. Antes da prova de terça-feira, Simone Biles presenteou todos com um sorriso calmo. Saltou e foi a melhor. Conseguiu uma pontuação de 15,733 e chegou à final com o melhor resultado. Na derradeira prova conquistou a sua primeira medalha de ouro olímpica e voltou a deixar claro que chegou para revolucionar a ginástica artística.

“Tem sido uma jornada incrível até aqui”, revelou a jovem ao jornal brasileiro O Globo, sublinhando que se sente “honrada” por representar os EUA e quer deixar “todos orgulhosos”.

Nas modalidades de individual, salto, trave e solo espera-se o mesmo desfecho: o ouro para Biles. Se este cenário se confirmar, a norte-americana vai superar Nadia Comaneci, a ginasta romena de 14 anos que, nos Jogos Olímpicos de Montreal 1976, arrecadou três medalhas de ouro, uma de prata e outra de bronze – e que, tal como Biles este mês, foi capa da revista Time há 40 anos. O calcanhar de aquiles da ginasta prodígio são as paralelas assimétricas, dominadas pelas russas e chinesas. Aí, Simone Biles não deve conseguir atingir o pódio.

Na quinta-feira, a adolescente volta a brilhar nos Jogos Olímpicos. Será dia de lutar pelas medalhas individuais. Em casa, há quem tente imitá-la. Sem sucesso.