Constelações familiares não são reconhecidas pela Psicologia, diz Ordem

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[Fotografia: Pexels/Shvets Production]

Problemas, facilitadores e um método que pretende por em espelho, através de outros e em sessão de grupo, o problema individual. Esta pode ser umas das descrições simplificadas da técnica das Constelações Familiares. Porém, a Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) vem vincar que esta prática não está validada pela ciência psicológica.

“É importante que as pessoas saibam distinguir o que é ciência e o que não é. Na área da saúde mental poderá ser perigosa a utilização de ‘técnicas’, modelos ou terapias que não são validadas cientificamente e podem assim constituir uma ameaça à saúde pública”, justifica, em comunicado emitido esta sexta-feira, 28 de outubro, o bastonário da OPP. Francisco Miranda Rodrigues acrescenta que, igualmente perigoso, é que “estas sejam apresentadas à população sem esse aviso ou substituam outras práticas, essas sim, baseadas na evidência científica”.

Recorde-se que as Constelações Familiares são descritas como “sessões, usualmente de grupo, um cliente apresenta um tema, e o facilitador de Constelações Familiares solicita informações factuais sobre a sua família”, lê-se no enquadramento da OPP de 2019 e o primeiro documento sobre esta matéria. E prossegue: “De seguida, o cliente escolhe, entre outros membros do grupo, alguns para representar elementos da sua família ou ele mesmo. Guiado pelas reações desses representantes, o facilitador conduz os representantes até uma solução que melhore as relações familiares.”

Para a entidade, “não há informação e, muito menos, estudos científicos que permitam compreender exatamente o que é e como funcionam estas “constelações familiares”, ou como se avalia a sua eficácia. Desta forma, as “Constelações Familiares” não apresentam enquadramento científico, teórico ou académico, nem socioprofissional. Não havendo referência a formação idónea na área, nem qualquer tipo de regulamentação profissional.

Por oposição, a Ordem, em comunicado, vinca que a “a psicologia é uma ciência, logo, corresponde a um corpo sistematizado de conhecimentos objetivos e baseados na realidade empírica, obtidos através das leis e do rigor que regem o método científico”.

O organismo lembra ainda que qualquer atividade experimental deve ter por base “modelos ou técnicas terapêuticas ainda em fase experimental”, sendo “imperativo que exista uma referência explícita a esse facto em todos os locais e formas de divulgação do modelo/técnica terapêuticos, tornando claro a todos os possíveis destinatários que o modelo/técnica terapêuticos em causa ainda não são baseados em evidências científicas, assim como cuidados éticos redobrados na obtenção do Consentimento Informado para a sua utilização junto de pessoas, particularmente quando em situação de maior vulnerabilidade”, refere a nota enviada às redações.