Um Hospital de Dia para jovens com patologias do comportamento alimentar, como a anorexia, para evitar que venham a ser internadas. Este é o desejo de Augusto Carreira, responsável da Unidade de Saúde Mental da Infância e Adolescência do Centro Hospitalar Lisboa Central (CHLC).
O anúncio foi feito hoje durante a inauguração da nova unidade de internamento de psiquiatria da infância e adolescência do Hospital D. Estefânia, numa sessão que ficou marcada pela posição unânime dos responsáveis desta área e da tutela em considerar que mais do que mais camas, são necessárias mais respostas de ambulatório.
O responsável pela unidade de saúde mental da infância do Hospital D. Estefânia quer também criar uma consulta de crise para episódios de urgência e está a estudar a abertura de um hospital de dia para jovens com problemas alimentares.
Augusto Carreira, propôs ainda a criação de um centro de estudos do bebé naquele hospital, para juntar a unidade de primeira infância com a pediatria do desenvolvimento e criar assim um centro de referência. Para o responsável, a meta temporal para este centro de estudos seria também o próximo ano.
Certo mesmo é a abertura em 2017 de um centro em parceria com o Centro Hospitalar Psiquiátrico.
Este centro, que fisicamente se situará no Parque de Saúde de Lisboa, vai integrar psiquiatras e pedopsiquiatras, bem como enfermeiros de saúde mental de adultos e enfermeiros de saúde mental da infância.
Além disso, os internamentos serão feitos por patologias, acrescentou o responsável, adiantando que a satisfação destas duas condições fará daquele um centro “inovador”.
A nova unidade vai dispor de um total de 16 camas (seis novas que acrescem às 10 já existentes naquele hospital há 15 anos).
No entanto, o responsável da Unidade de Saúde Mental da Infância e Adolescência do Centro Hospitalar Lisboa Central (CHLC), Augusto Carreira, frisou que hoje existe um total de 10 camas para onze crianças internadas (foi preciso arranjar uma cama extra) e cinco jovens (com problemas alimentares) em espera.
Se hoje já existissem as 16 camas, o serviço ficava lotado, frisou.
Estas 16 camas vão somar-se às 10 que existem no Porto e às oito que vão abrir em Coimbra, perfazendo um total de 34 camas em todo o país, um número “mais aproximado” mas ainda aquém das 50 recomendadas, afirmou aos jornalistas o Secretário de Estado Adjunto do Ministro da Saúde, Fernando Araújo, secundado pelo diretor do programa nacional de saúde mental, Álvaro de Carvalho.
Contudo, para o governante a aposta tem que ser feita no ambulatório e nas equipas comunitárias: “mais do que camas temos que ter uma política diferente, trazer para a comunidade serviços, que fiquem inseridos na comunidade, e as camas para os casos mais graves”.
“Mais do que lotação, precisamos de mais respostas, mais diferenciadas e apoio na comunidade”, sublinhou, acrescentando que é necessário trazer para a saúde mental outros profissionais, como psicólogos e técnicos.
Álvaro de Carvalho considera mesmo que as necessidades do país no que diz respeito a internamentos são reduzidas e que nesta área da infância e da adolescência” importa que o trabalho feito seja ao nível do ambulatório” e feito também por outros profissionais, como psicólogos e terapeutas.
“Para este trabalho são necessárias unidades de reabilitação e hospital de dia”, salientou.
A mesma ideia foi defendida por Augusto Carreira, que foi mais longe e avançou mesmo com propostas que gostaria de ver em funcionamento até ao final do próximo ano.
“Vamos propor ao diretor clínico a abertura de uma consulta de crise para que muitos jovens possam a ela recorrer depois de um episódio de urgência”, disse.
A consulta teria que dar resposta em 48 horas, no máximo, e a medida visa evitar que o internamento se encha com jovens, que com a consulta se poderia evitar”.