Contraceção: E se os homens tomarem a ‘pílula da hora antes’?

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[Fotografia; Ketut Subiyanto/ Pexels]

Há um novo medicamento que pode vir a revolucionar a contraceção e as gravidezes indesejadas e age, não sobre as mulheres, mas sobre os homens. Um novo estudo experimental revelado esta semana, e com testes laboratoriais feitos em ratos, revela que, através do controlo de uma enzima, os machos conseguem ficar inférteis por uma hora e o efeito dura menos de um dia.

A confirmar-se para os homens, a investigação fala mesmo no futuro da contraceção também na mão dos homens, mas ainda falta tempo para que os testes possam ser aplicados em humanos. A equipa espera alargar a testagem em humanos dentro de três anos, estimando a comercialização em oito, caso tudo corra bem. Atualmente, existem apenas duas opções disponíveis de prevenção para o sexo masculino: preservativos e vasectomias.

“Para as mulheres, o fardo da contraceção está sobre nós”, revelou à AFP Melanie Balbach, investigadora em farmacologia da Weill Cornell Medicine, nos Estados Unidos da América. “Queremos novas opções”, acrescentou a autora principal do estudo publicado na Nature Communications.

A equipa teve como alvo e trabalhou uma enzima chamada adenilil ciclase solúvel, que atua como o “interruptor” para o esperma. Segundo o co-autor destas análises laboratoriais, Jochen Buck, se a enzima for desligada temporariamente, o esperma não se poderá mover enquanto o efeito durar.

O composto foi, garantem os cientistas, 100% eficaz na prevenção da gravidez nas primeiras duas horas, caindo para 91% nas primeiras três horas, refere o estudo. Após 24 horas, o esperma dos ratos voltou a mover-se em níveis normais. Não foram detetados, segundo a equipa, efeitos secundários nos ratos analisados.

O objetivo da investigação é encontrar um anticoncecional não hormonal que comece a fazer efeito em menos de uma hora após a toma e tenha um efeito prolongado de seis a 12 horas.

Recorde-se que, atualmente, está a ser testado em humanos um gel hormonal que levam semanas ou meses para começarem a fazer efeito e para reporem a fertilidade nos níveis prévios.

Os medicamentos anteriores tiveram dificuldades porque, em parte, se tem vindo a acreditar que os efeitos colaterais seja muito maior para os homens – porque eles não correm o risco de engravidar – e também pela falta de interesse da indústria farmacêutica.

com AFP