Coreia do Sul manifesta-se contra assédio oculto das spycams

Este sábado, 4 de agosto, cerca de 70 mil mulheres manifestaram-se nas ruas de Seul, capital da Coreia do Sul, contra o fenómeno “spycam”, também conhecido por “molka”. Esta é uma forma de agressão sexual que consiste na captação de imagens femininas através de câmaras ocultas instaladas em lugares privados. Imagens que, na maioria das vezes, acabam na internet como pornografia ou publicidade relacionada com o negócio da prostituição.

Agravamento das penas para os condenados e uma regulamentação mais apertada na venda de câmaras de vigilância foram algumas das medidas exigidas pelas mulheres que têm visto a sua imagem cada vez mais desprotegida. Com câmaras instaladas de forma oculta em balneários femininos, casas de banho para as mulheres e até debaixo das secretárias onde trabalham, a intimidade, a segurança e privacidade do sexo feminino têm estado cada vez mais ameaçadas.

“As casas de banho das mulheres neste país estão cobertas de spycams! Por favor, por favor, reprimam os crimes”, cantaram em massa as mulheres em coro na Praça Gwanghwamun da cidade coreana, avança o jornal Punchng. “Não podemos mais viver assim”,Coreia do Sul: a nação das spycams” e “A minha vida não é a tua pornografia” foram ainda alguns dos slogans presentes em cartazes levados para o protesto.

Em 2010 foram registadas cerca de 1100 queixas por parte das mulheres, dando a conhecer esta prática. Número que tem vindo a aumentar, tendo-se contabilizado, em 2017, cerca de 6500 queixas e vários casos de suicídio nos últimos anos. Este não é um fenómeno recente, mas só em maio deste ano é que a luta contra o sistema spycam começou a ganhar alguma dimensão, tendo-se transformado numa das mais importantes manifestações da Coreia do Sul – em parte, muito devido ao movimento MeToo.

As queixas tornaram-se tão frequentes que a polícia local do sexo feminino tem inspecionado as mais variadas casas de banho públicas com o auxílio de detetores especiais capazes de descobrir câmaras de vigilâncias colocadas estrategicamente para conseguir imagens íntimas.

Segundo a organização, compareceram este sábado à manifestação mais 10 mil mulheres do que no último protesto, decorrido em julho. No entanto, a maioria surgiu de rosto tapado com chapéus, óculos escuros ou máscaras faciais para evitar vir a sofrer de intimidação ou assédio online – algo que alguns participantes de protestos anteriores enfrentaram após darem a cara por esta causa.

Percorra a galeria de imagens acima para ver algumas das imagens do protesto.

[Imagem de destaque: Twitter]

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