Coronavírus: Os números trágicos que obrigam à emergência internacional

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[Fotografia: iStock]

O vírus que tem vindo a preocupar o mundo por já ter feito 213 vítimas mortais e por ter já infetado mais de 9500 pessoas (sendo que na Europa a Alemanha, Itália, França, Finlândia e, mais recentemente o Reino Unido já confirmaram casos positivos) faz parte de uma família denominada coronavírus.

Trata-se de um grupo viral que reúne agentes infeciosos que provocam sintomas como febre, dor, mal-estar geral e dificuldades respiratórias, incluindo falta de ar. Semelhantes aos sintomas de uma gripe, estes também podem gerar doenças mais graves como a Síndrome Respiratória Aguda Grave e a Síndrome Respiratória do Oriente Médio.

Apesar de não ter atingido Portugal, existem 17 portugueses em Wuhan – o território chinês onde o surto teve início.

O avião, que partiu esta quinta-feira de Beja, foi pedido pelo governo francês e parte para a China até sábado para ir buscar, pelo menos, 133 cidadãos da União Europeia, incluindo os 17 portugueses, devido ao coronavírus, informou fonte europeia à agência Lusa.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, garantiu na passada quinta-feira, 30 de janeiro, que “o governo acompanhou, desde o início, a situação dos portugueses”.

Marcelo disse aos jornalistas que “há todo um conjunto de medidas tomadas para garantir que, uma vez chegados, estão criadas as condições adequadas para lidar com a sua situação. Portugal está em coordenação permanente com a OMS”.

A Direção Geral de Saúde (DGS) emitiu um documento com orientações para profissionais do sistema de saúde em Portugal para a prevenção e controlo da infeção pelo novo coronavírus. Perante um caso suspeito, o potencial doente deve ser colocado numa área de isolamento – um quarto, uma sala ou um gabinete -, que permita distanciamento social em relação aos restantes utentes ou doentes.

Os casos suspeitos devem ficar internados, em hospitais de referência, num quarto individual de isolamento com pressão negativa e casa de banho privativa.

Os hospitais de São João, no Porto, o Curry Cabral e o Dona Estefânia, ambos em Lisboa, estão em alerta, bem como a linha Saúde 24, através do número 800242424. Quem o assegura é Graça Freitas, diretora-geral da DGS.

A responsável afirmou que é preciso acompanhar de perto esta situação e explicou ainda que existem protocolos internacionais para prevenir que o vírus seja exportado a partir da China, onde o surto teve origem, sendo os rastreios feitos no ponto de partida antes de viagens de comboio, avião ou barco.

Como forma de prevenção, Portugal também tem um protocolo com o Alto Comissariado para as Migrações para fornecer serviços de tradução caso seja necessário.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) decidiu ontem, 30 de janeiro, que a doença é já uma emergência internacional de saúde pública.

Tedros Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, disse na reunião de emergência convocada pela organização que “a principal razão para esta declaração não é pelo que está a acontecer na China, mas pelo que está a acontecer noutros países“, acrescentando que: “a nossa maior preocupação é o potencial que o vírus tem de se propagar por países com sistemas de saúde frágeis e que não estão preparados para lidar com isso“.

A OMS recomenda que se evite o contacto próximo com doentes com infeções respiratórias, que se lavem frequentemente as mãos – especialmente após o contacto direto com pessoas doentes –, que se evite o contacto desprotegido com animais selvagens ou de quinta, que se adotem medidas de etiqueta respiratória – como tapar o nariz e boca quando espirrar ou tossir (com lenço de papel ou com o braço, nunca com as mãos) e lavar as mãos sempre que se assoar, espirrar ou tossir.

Passado um mês desde a primeira confirmação do vírus em seres humanos, este já se espalhou para países como o Taiwan (três casos confirmados), Tailândia (14 casos), Japão (11 casos), Nepal (um caso), Malásia (oito casos), Coreia do Sul (seis casos), Estados Unidos da América (seis casos), Singapura (dez casos), Vietname (dois casos), Macau (sete casos), França (cinco casos), Canadá (três casos), Alemanha (quatro casos), Austrália (nove casos), Finlândia (um caso), Emirados Árabes Unidos (quatro casos), Camboja (um caso), Filipinas (um caso), Índia (um caso) e, mais recentemente, Reino Unido (dois casos).

O novo coronavírus, que já infetou mais de 9500 pessoas e atingiu outros 19 países, é transmissível no seu período de incubação, ou seja, antes de os sintomas começarem a surgir, segundo autoridades chinesas.

Em humanos, o período de incubação — no qual a pessoa tem a doença, mas nenhum sintoma — varia entre um e 14 dias, segundo as autoridades, o que significa que sem os sintomas, a pessoa infetada pode não saber que tem o vírus, mas pode estar já a espalhar a doença. E é precisamente por causa desta razão que o vírus é difícil de conter.

O ministro da Comissão Nacional da Saúde chinês, Ma Xiaowei, disse que a capacidade do vírus se espalhar parece estar a aumentar. Várias cidades chinesas já adotaram restrições significativas de viagens para além de que a venda de animais selvagens está proibida no país. A cidade de Wuhan, onde o surto começou, está em total quarentena.

Até ao momento ainda não existe confirmação do animal implicado na transmissão ao homem, mas desconfia-se que serão os morcegos os responsáveis pela propagação da doença. No entanto, este tipo de vírus infeta um número muito diverso de animais, como porcos, aves, bovinos ou cobras.

A OMS diz ainda não haver cura para o surto, mas que estão a ser feitas investigações para desenvolver uma vacina contra o coronavírus.