O primeiro-ministro, António Costa, reuniu-se esta segunda-feira, 22 de junho, com os presidentes dos cinco municípios da área metropolitana de Lisboa que despertam maior preocupação devido ao elevado número de novos casos de covid-19 nas últimas semanas. Uma das medidas de restrição é a alteração dos ajuntamentos entre pessoas: os ajuntamentos em Lisboa vão também voltar a ser limitados a dez pessoas, depois de o limite ter estado nos 20.
Depois de uma reunião com mais de cinco horas, com os autarcas dos concelhos mais afetados da capital, o primeiro-ministro anunciou novas regras para a região. As cercas sanitárias não avançam, mas a zona continuará sob mais medidas que o resto do país, no dia em que registou mais 164 novos casos dos 259 em Portugal.
Entre os autarcas convocados para a reunião, agendada para as 10h00 desta manhã, na residência oficial do primeiro-ministro, estão Fernando Medina (Lisboa), Basílio Horta (Sintra), Carla Tavares (Amadora), Hugo Martins (Odivelas) e Bernardino Soares (Loures), que devem discutir o eventual aprofundamento das medidas de contenção da pandemia nas áreas com maior incidência atual da doença provocada pelo vírus SARS-CoV-2.
Costa afirmou que a reunião foi “muito produtiva”, permitindo identificar o problema em 15 freguesias dos concelhos afetados em Lisboa. Isto permite “medidas transversais de reforço de restrições de algumas atividades e um trabalho localizado”.
Nasce o programa “Bairros Saudáveis”, para reforçar o apoio nas áreas mais afetadas. Haverá também maior articulação entre autarquias e autoridades de saúde, bem como um reforço da vigilância do confinamento obrigatório e regimes de vigilância domiciliária.
O Conselho de Ministros deverá manter o estado de calamidade no conjunto de freguesias e concelhos identificados. Para além disso, será aprovado um diploma com contra-ordenações para as Forças de Segurança punirem ajuntamentos não permitidos. Porém, o primeiro-ministro não revelou para já os valores das coimas, que ainda serão definidas em decreto-lei, esta mesma segunda-feira.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, assegurou no domingo que apoiará o que o Governo decidir depois desta reunião, naquilo “que for necessário fazer para impedir o descontrolo” do desconfinamento na região de Lisboa.
No sábado, o primeiro-ministro, António Costa, garantiu que, se for preciso dar passos atrás no desconfinamento, o fará, mas prefere controlar a situação, considerando que a melhor forma de solidariedade e de retoma é todos cumprirem as regras.
O líder do governo esteve acompanhado pela ministra da Saúde, Marta Temido, que havia anunciado na sexta-feira a realização deste encontro para avaliar a situação em Lisboa e Vale do Tejo, bem como pelo secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Duarte Cordeiro, responsável pela gestão da crise sanitária na região.
Na conferência de imprensa de apresentação do boletim epidemiológico de sexta-feira da Direção-Geral da Saúde (DGS), Marta Temido reconheceu “dificuldades em quebrar as cadeias de transmissão” nestes cinco concelhos, que já desde meados de maio concentram de forma consistente a grande maioria dos contágios em Portugal.
“Estando agora a situação que nos inspira maior preocupação circunscrita a cinco concelhos da área metropolitana de Lisboa, dentro deles distribuída de forma não perfeitamente simétrica, com uma clara identificação das freguesias onde há maior incidência, decidimos tomar desde logo uma iniciativa que se prende com a realização de uma reunião na próxima segunda-feira de manhã”, frisou, então, a ministra da Saúde.
Marta Temido reiterou o apelo à população para cumprir as regras de proteção e distanciamento social, sublinhando que o combate à pandemia de covid-19 “é uma maratona, não um ‘sprint'” e que “estão redondamente enganados aqueles que pensam que podem regressar às suas vidas na normalidade anterior” sem uma vacina ou um tratamento eficaz.
A reunião ocorreu num momento em que Portugal regista 1.530 mortes e 39.133 casos desde o que foi reportado o primeiro caso de contaminação pelo novo coronavírus, em 2 de março.
Na região de Lisboa e Vale do Tejo, onde se tem registado recentemente o maior número de surtos, a pandemia de covid-19 atingiu, até domingo, os 16.762 casos confirmados, mais 225 do que no sábado, o que corresponde a 77% dos 292 novos contágios reportados em relação ao dia anterior.
Na distribuição dos casos infetados por concelhos, o concelho de Lisboa é o que regista o maior número de infeções (3.135), seguido de Sintra (2.253), Vila Nova de Gaia (1.611), Loures (1.623), Amadora (1.428), Porto (1.414), Matosinhos (1.292), Braga (1.256), Maia (950) e Odivelas (881).