Covid-19: Estudo estima que há milhões de mulheres sem acesso a contraceção

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Embora as consequências provocadas pela pandemia do novo Coronavírus ainda estejam a ser estudadas, novos dados revelaram que podemos vir a assistir a um aumento no número de gravidezes não planeadas depois de milhões de mulheres perderem o acesso a serviços de contraceção e aborto este ano.

A organização sem fins lucrativos britânica que presta serviços de contraceção e aborto seguro, Marie Stopes International (MSI), realizou um estudo que afirma que menos de um milhão e 900 mil mulheres usaram os seus serviços por todo o mundo entre janeiro e junho em comparação com o ano passado e previu que haverá 900 mil gravidezes indesejadas como resultado da interrupção dos serviços de saúde.

No início de agosto, a Organização Mundial da Saúde informou que dois terços de 103 países avisaram que os seus serviços de saúde reprodutiva foram interrompidos entre maio e julho.

O Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) disse que o mundo pode ter sete milhões de gravidezes indesejadas como resultado.

O estudo da MSI também previu que haverá um milhão e meio de abortos de risco e mais de três mil mortes maternas. Discutindo os dados, Clare Wenham, especialista em política de saúde global da London School of Economics, disse ao jornal britânico Telegraph que “isto já tinha sido visto com o surto de Ébola e com o surto de Zika”.

Os governos poderiam ter feito algo para prevenir esta situação se tivessem parado para pensar sobre questões de saúde reprodutiva”, acrescentou.

Durante a quarentena, muitos serviços de saúde tiveram que priorizar os cuidados da Covid-19, o que contribuiu para uma redução no acesso à saúde reprodutiva e escassez de métodos contracetivos.

Nos Estados Unidos, alguns estados, incluindo Texas, Utah, Idaho e Alabama, classificaram o aborto como um serviço médico não essencial, o que significa que muitas mulheres não puderam ter acesso a ele durante a pandemia.

Também se acredita que o medo de contrair o vírus em ambientes de saúde pode ter contribuído para a queda no acesso de mulheres ao tratamento.

No início do surto, a Organização das Nações Unidas alertou sobre a escassez de preservativos depois de os produtores terem sido obrigados a fecharem as fábricas. Muitos fabricantes de métodos contracetivos na Ásia tiveram que interromper a produção ou reduzir a capacidade.

A MSI disse que a Índia foi um dos países mais afetados pelo acesso de mulheres aos seus serviços. Espera-se que o país venha a ter mais um milhão de abortos inseguros, 650 mil gravidezes indesejadas e 2600 mortes maternas.

Recorde que, em Portugal, foram suspensas mais de dois milhões de consultas devido à pandemia provocada pelo novo Coronavírus.