Covid-19 revoluciona Natal dos portugueses, mas não é em tudo

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A época natalícia deste ano será mesmo muito diferente nas casas portuguesas e são vários os estudos feitos em território nacional apontam para essa possibilidade e indicam que as pessoas começam já a a adaptar-se a uma nova realidade. Alterações que se vão fazer sentir nos gastos e na poupança, no tipo de presentes que estão a ser preparados, na solidariedade e até nos destinos de compras. Há, porém, um ponto que pode não mudar assim tanto: à mesa.

A um nível global, mais de ¾ dos portugueses (79%) revelou querer gastar menos dinheiro neste Natal do que em anos anteriores, de acordo com um estudo de mercado da Mastercard. A análise realizada pela Fly Research e divulgado pela Mastercard e que avalia o impacto da covid-19 nas celebrações de Natal mostra ainda que apenas 9% pretende gastar mais dinheiro nas festividades em 2020, mas a pandemia e o confinamento tornaram 84% dos portugueses “mais generosos”, sendo que 18% compraram mesmo presentes para pessoas que não conhecem ou que demonstram precisar de apoio.

A grande maioria das pessoas (76%) disse, refere ainda a agência Lusa, que estão este ano “a comprar de forma mais consciente” e 68% garantiu que procura fazer as suas compras localmente para contribuir para a dinâmica de comércio na respetiva comunidade.

O pequeno comércio é a escolha de 66% dos inquiridos para as suas compras de Natal e 42% preferem adquirir cartões de oferta nas lojas e empresas locais em detrimento de grandes centros comerciais, refere o estudo que auscultou uma “amostra representativa” de 600 portugueses, mas que ouviu, no global, as respostas de 16 mil adultos em 15 países, em novembro.

Presentes que vão ser mais oferecidos em 2020

Os presentes dedicados ao bem-estar (44%), os artigos de moda (38%), os cabazes de Natal feitos em casa (34%) e as fotografias emolduradas e álbuns de fotos (27%) serão os presentes mais oferecidos em 2020, mas as decorações personalizadas (26%) e as experiências (24%) seguem muito perto no tipo de presentes que as pessoas vão receber este ano.

O top 10 dos artigos mais oferecidos fecha com velas artesanais (14%), ilustrações ou desenhos (13%), jogos de tabuleiro caseiros (12%) e um poema ou história de autoria própria (12%).

No que diz respeito à solidariedade natalícia, 19% dos inquiridos compraram cartões de Natal solidários, 15% adquiriram artigos cujo valor reverte a favor de uma instituição de caridade e 16% compraram presentes ligados a causas de ajuda aos animais. No apoio direto às instituições de apoio, 10% dos participantes no inquérito afirmou que fez doações.

A pandemia também mudou a forma como as pessoas encaram a época natalícia, que lembra “o que é realmente importante na vida” a 81% dos portugueses: 72% afirmaram que vão repensar o Natal deste ano e apenas 32% admitem gastar mais tempo na compra de presentes.

No setor alimentar, 61% dos inquiridos dizem que vão comprar as comidas de bebidas de Natal no comércio local e 20% afirmam que estão a reservar mesa num restaurante no seu bairro para o jantar de Natal.

Bacalhau não sofreu com a pandemia

Os portugueses vão comer entre quatro e cinco mil toneladas de bacalhau nesta consoada, cerca de 30% do consumo total, um número que não deverá ser impactado pela pandemia. “O consumo de bacalhau da Noruega na época natalícia representa cerca de 30% do total anual, estimando-se que na noite de consoada sejam consumidas entre quatro a cinco mil toneladas de bacalhau em Portugal”, apontou o diretor para Portugal do Conselho Norueguês dos Produtos do Mar (NSC), Johnny Thomassen.

Já no que se refere à origem, 70% de todo o bacalhau consumido em Portugal vem da Noruega. Conforme afirmou Johnny Thomassen, também à agência Lusa, estes números não deverão ser impactados pela pandemia de covid-19. No total, Portugal é responsável por 20% do consumo de bacalhau no mundo, posicionando-se assim como o mercado que mais prefere este peixe.

Este ano, a concorrência entre as grandes superfícies levou a uma descida dos preços deste pescado em comparação com o ano anterior, à semelhança do que também aconteceu na Noruega, mas o consumo doméstico deverá manter-se ou subir.

“O bacalhau demolhado ultracongelado representa 20% do mercado e o bacalhau seco salgado os restantes 80%. O mercado de bacalhau demolhado ultracongelado cresceu cerca de 8% entre setembro de 2019 e setembro de 2020, enquanto o bacalhau seco salgado se mantém relativamente estável, com uma ligeira diminuição de 1%”, referiu o NSC.

Citando dados do Eurostat, a AIB lembrou que as exportações da indústria bacalhoeira portuguesa registaram, até setembro, uma queda de 7% face a 2019.