Covid-19: Sete medidas que podem ser aliviadas e que podem ir a Conselho de Ministros esta semana

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[Fotografia: Unsplash/Annie Spratt]

Para os especialistas portugueses, o território está “em situação de passar a um nível de menos medidas restritivas”. A frase, a propósito do balanço da pandemia covid-19, é de Raquel Duarte, do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto. A médica especialista em Pneumologia e Saúde Pública considerou, na reunião que tem vindo a decorrer no Infarmed, esta quarta-feira, 16 de fevereiro, que se pode ponderar o alívio de restrições que a pandemia provocada pela covid-19 impôs.

Entre as propostas, a especialista avançou com o fim do teletrabalho, da lotação máxima em estabelecimentos comerciais, da exigência de teste para entrar em bares e discotecas e da proibição do consumo de bebidas alcoólicas na via pública.

Também o uso de máscara de proteção está a ser analisado, com os especialistas a defenderem o nível 1, aquele em que se mantém obrigatório em casos como locais interiores públicos e serviços de saúde, transportes públicos e veículos TVDE, locais exteriores de grande densidade populacional. A manutenção do uso obrigatório deve também estender-se a profissionais que trabalham diretamente com populações vulneráveis. Já no nível 0, o uso deixaria de ser obrigatório com exceção do caso de pessoas com sintomas respiratórios ou perceção de risco.

Já sobre as fronteiras, avançou-se com a proposta de isenção de teste para quem tiver certificado digital válido e a realização de teste PCR ou antigénio nas 24 horas anteriores para quem não tiver.

Os especialistas abordam ainda a possibilidade de ser montado um novo modelo para a vigilância da pandemia. Na proposta, apresenta-se um eventual processo integrado que junte outros agentes de infeções respiratórias com potencial epidémico e sazonal semelhante ao da covid-19 – como, por exemplo, a gripe), o que geraria uma otimização dos recursos, tornando o sistema exequível

Marta Temido, ministra da Saúde, presente na reunião que juntou peritos e responsáveis políticos para avaliar a evolução da situação epidemiológica, considerou que o eventual alívio nas restrições deve ser “tão rápido quanto possível e tão devagar quanto necessário”. Mas não foram avançadas datas. Sem confirmar prazos para a implementação destas medidas, a ministra remeteu eventuais decisões para a próxima reunião do Conselho de Ministros, ainda esta semana.

Resumindo as conclusões do encontro, a governante referiu que é possível considerar que o país se encontra já numa nova fase da pandemia da covid-19, apesar de admitir que há ainda muitas incertezas, abrindo a porta à revisão das medidas atualmente em vigor. Concretamente, Marta Temido referiu uma nova política de testagem, a avaliação dos contextos em que o uso obrigatório de máscara possa vir a cair e a alteração das situações em que é exigida a apresentação do certificado digital.

Para Temido, Portugal encontra-se numa nova fase da pandemia da covid-19 e admitiu o alívio de medidas de mitigação, com nova política de testagem e a revisão da obrigatoriedade de máscara.

Possível nova onda no próximo outono

O epidemiologista do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, Baltazar Nunes, alerta para “um possível padrão de sazonalidade” em que a doença se pode agravar nos meses frios. O especialista, presente no encontro, prevê a ocorrência de “uma nova onda epidémica” no próximo outono/inverno. Uma situação que pode ganhar renovado fôlego devido à quebra gradual da proteção conferida pela vacina. Para Nunes, o fator crítico de maior relevo será a eventual coincidência de uma variante forte e a perda de imunidade da população vacinada.

CB com Lusa