Creches e Covid-19. Estudo diz que há riscos, mas podem não ser tão grandes como se pensa

A young mother talking to her toddler son inside in a bedroom.
[Fotografia: Istock]

57 mil creches em 50 estados. Este é o universo de um dos maiores estudos que procurou perceber, em maio e junho, nos Estados Unidos da América, a taxa de contágio por Covid-19 entre crianças e os profissionais que cuidam delas.

E os resultados, cujo texto preliminar foi agora publicado na revista da American Academy os Pediatrics [Academia de Pediatria Americana] indicam que, em certas condições, é possível manter as creches em funcionamento sem colocar as equipas pedagógicas em risco.

Porém, o coordenador desta investigação, Walter Gilliam, do Centro de Estudos Infantis da Universidade de Yale em Connecticut, é cauteloso nas generalizações e lembra que a análise, mais do que responder se as creches devem ou não reabrir, apenas repousou na análise de casos de contaminação ou hospitalização de adultos que trabalham nestas unidades de ensino com crianças até seis anos.

“O nosso estudo não responde totalmente à questão de reabrir ou não a creche. Não temos dados sobre o risco das crianças, e os níveis locais de disseminação da comunidade são muito importantes”, ressalva o investigador citado pelo site norte-americano Huff Post.

A pesquisa, refira-se, comparou creches que ficaram abertas com as que fecharam em plena pandemia, cruzando depois com as taxas de infeção em ambas equipas. Ora, esta investigação refere que não há provas de que prosseguir com as aulas representasse risco adicional para os profissionais. Ainda assim, houve casos de Covid-19, pelo que não de pode depreender deste estudo que não haja qualquer risco. Pelo contrário, Gilliam ressalva essa possibilidade.

Aliás, o mesmo estudo vinca que as creches que se mantiveram abertas referiram cuidados especiais para evitar contágios. Entre eles: Nove em cada dez assumiu controlar a lavagem frequente das mãos e a desinfeção de superfícies. As escolas reportaram ainda cuidados na formação de grupos escolares mais pequenos – com rotatividade das crianças -, bem como no controlo de sintomas. “O estudo diz que, enquanto houver medidas fortes no local para prevenir a infeção, cuidar de crianças pequenas não parece aumentar o risco de as equipas contraírem o vírus”, afirmou o responsável do estudo.