Criadores de moda escrevem a Marcelo e a Costa e pedem estatuto e uma Ordem

modaLisboa Pedro Rocha
ModaLisboa [Fotografia: Pedro Rocha/Global Imagens]

Vinte e cinco ‘designers’ de moda portuguesa enviaram um manifesto ao Presidente da República e ao primeiro-ministro a pedir estatuto profissional e uma Ordem dos Designers, avançou a porta-voz do grupo, Katty Xiomara.

O reconhecimento da classe profissional dos designers enquanto “agentes ativos do desenvolvimento e representação da identidade nacional com reflexo direto nas áreas do turismo, cultura e indústria têxtil, dentro e fora das nossas fronteiras” é a primeiro objetivo do manifesto, intitulado Uma Voz, avança, em declarações à agência Lusa, a estilista Katty Xiomara.

A “representatividade dos designers e criadores de moda de autor durante o processo de definição das estratégias e ações de promoção apoiadas pelo estado português, com o objetivo de promover e divulgar a moda portuguesa, tanto em território nacional como internacional” é o segundo objetivo do manifesto daquele coletivo, a que a Lusa teve acesso.

A terceira prioridade inscrita no manifesto dos designers é sobre a necessidade de refletir em “algumas medidas que tornem possível um posicionamento mais competitivo da atividade”, dando “elegibilidade as particularidades dimensionais e artísticas àquele micro setor no enquadramento dos novos programas de apoio específico”.

Entre os 25 criadores de moda de autor em Portugal e que subscrevem o manifesto estão Alexandra Moura, Duarte, Anabela Baldaque, Carla Pontes, Carlos Gil, Daniela Barros, David Catalán, Dino Alves, Diogo Miranda, Fátima Lopes, Filipe Faísca, Hugo Costa, João Melo Costa, Estelita Mendonça, Storytailors, Júlio Torcato, Katty Xiomara, Luís Carvalho, Luís Buchinho, Hibu Studio, Miguel Vieira, Pé de Chumbo, Ricardo Andrez, Sara*Maia, Susana Bettencourt.

O manifesto de moda de autor, designado por Uma Voz e assinado por 25 ‘designers’ de várias gerações e de várias localidades de Portugal, foi enviado recentemente ao Presidente da República, primeiro-ministro, ministro dos Negócios Estrangeiros, secretário de Estado da Internacionalização, ministra da Cultura, secretária de Estado do Turismo, ministro da Economia e várias associações do setor da moda, têxtil e calçado, como o Portugal Fashion, Moda Lisboa, Associação Portuguesa Ind. Calçado Componentes Artigos Pele Sucedâneos (APPICAPS) ou a Associação Têxtil e Vestuário De Portugal (ATP), enumerou Katty Xiomara, em entrevista telefónica à agência Lusa.

O manifesto lançado durante a pandemia é um primeiro passo para criar algo idêntico a uma Ordem dos Designers, acredita a ‘designer’ Katty Xiomara, referindo que essa ideia já era uma intenção pré covid-19, mas que a pandemia e as reuniões online realizadas entre os ‘designers’ vieram “acelerar” a necessidade de criar um “estatuto profissional”, explicou Katty Xiomara, ‘designer’ desde 1998.

“Com a covid tudo se prestou a uma urgência maior, porque estamos todos a passar por momentos muito específicos, muito distintos que não eram previsíveis”, declarou, recordando que o setor da moda tem vindo a enfrentar os desafios previstos da adaptação de compra e venda e aos novos métodos da sustentabilidade.

Segundo a porta-voz do grupo de 25 ‘designers’, o primeiro-ministro já respondeu à carta com o manifesto, “congratulando a ideia” dos criadores de moda de autor e assumindo intenção de apoiar a criação de um estatuto profissional destes trabalhadores especializados.

O grupo de ‘designers’ está a trabalhar na elaboração de um ‘site’ para colocar o manifesto Uma Voz, a ficha de inscrição para todos os ‘designer’ que se queiram unir à causa poderem aderir e para adicionar um diretório com os contactos dos criadores e suas valências.

“Unidos, partilhamos visões e preocupações pessoais, não só sobre o atual panorama nacional da moda de autor, mas também sobre as vicissitudes associadas ao exercício desta atividade e a fragilidade socioeconómica de quem a pratica. Foi transversal no reflexo dessas partilhas que, mesmo existindo particularidades, é notório que as grandes dificuldades são coletivas e estruturais perdurando no tempo há vários anos. Perante o atual cenário de emergência, todos concordamos que este momento representa uma oportunidade para uma mudança de paradigma”, lê-se no manifesto.

CB com Lusa