Crimes de abuso sexual contra crianças estão a aumentar

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[Fotografia: Shutterstock]

Quase 380 pessoas foram condenadas por abusos sexuais de menores ao longo do ano de 2015, de acordo com dados do Ministério da Justiça citados pela agência Lusa. Trata-se de um “aumento crescente” deste tipo de criminalidade, defende a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) no mesmo dia (sexta-feira, 18 de novembro) em que é evocado o Dia Europeu sobre a Proteção de Crianças Contra a Exploração Sexual. Só este ano, a Procuradoria-geral da República já abriu 954 inquéritos.

A APAV sustenta ainda que, em 2015, foram reportados 1044 crimes de abuso sexual contra crianças e investigados pela polícia. “Este fenómeno tem o mesmo nível de crescimento na Europa. Só em 2014 foram investigados 112.961 crimes de violência sexual contra menores, mais 11.197 do que em 2013”, lê-se no site da associação, que olha para esta realidade como “um flagelo”.

“Acreditamos que este número crescente se deve a uma realidade obscura de cifras negras, situações e abusos que são remetidos ao silêncio e que não chegam a ser investigados”, informa a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima

A APAV crê mesmo que estes números podem não espelhar com exatidão uma realidade que muitas vezes tem lugar dentro de portas e é exercida não por estranhos, mas por pessoas conhecidas e próximas da família da criança.


Em 2015, foram condenadas 379 pessoas por crimes de abuso sexual. Em 2016, a mais de um mês do ano terminar, a Procuradoria-geral da República diz ter aberto 954 inquéritos.


“Acreditamos que este número crescente se deve a uma realidade obscura de cifras negras, situações e abusos que são remetidos ao silêncio e que não chegam a ser investigados”, alerta a associação, considerando que “uma das formas mais preocupantes desta violência é a que acontece no seio da família, sabendo-se que os agressores são, normalmente, um familiar ou conhecido da criança. Este facto contribui para o silenciamento dos casos, e para a não apresentação de queixa junto das autoridades ou o pedido de apoio”

170 crianças e jovens já procuraram apoio

No início deste ano, e por um prazo de dois anos, a APAV criou, com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian, uma rede que pretende dar apoio especializado a vítimas de crimes desta natureza. Intitulado Projeto CARE – Rede de apoio especializado a crianças e jovens vítimas de violência sexual, a entidade reporta já o acompanhamento de 170 crianças e jovens que procuram, essencialmente, ajuda para superar as consequências e as marcas que um crime desta natureza sempre deixa, bem como disponibilizar as ferramentas necessárias às vítimas.