Saiba por que Ronaldo jogou com a cara pintada este fim de semana

Podia ser a marca de batom de um beijo de Georgina, mas a razão por que Cristiano Ronaldo jogou este fim de semana com a cara marcada de vermelho deveu-se a outro motivo: uma campanha da Série A (equivalente à Liga NOS, em Portugal) pelo fim da violência contra as mulheres.

A iniciativa decorreu no sábado, 24 de novembro e véspera de se assinalar mais um Dia Internacional da Eliminação da Violência Contra as Mulheres. Os jogadores da Juventus, equipa de Ronaldo, e da SPAL disputaram a partida do Campeonato Italiano com os rostos pintados de vermelho.

A campanha foi desenvolvida pela WeWorld Onlus, organização italiana que defende os direitos das mulheres e crianças, em parceria com a liga italiana de futebol. A mancha vermelha simboliza um cartão vermelho à violência sobre as mulheres.

A adesão de Ronaldo à iniciativa fica, no entanto, marcada pelas acusações de violação de Kathryn Maiorga contra o craque português, cujo processo ainda está decorrer na justiça americana. O jogador negou sempre as acusações.

Centenas de mulheres marcharam à chuva em Portugal

Em Portugal, o Dia Internacional da Eliminação da Violência Contra as Mulheres foi assinalada em Lisboa, com uma manifestação que reuniu centenas de mulheres, pelo fim da violência, pela igualdade de género e por uma Justiça que não traduza nos acórdãos preconceitos que culpabilizam as vítimas pelos crimes que sofrem, refere a Lusa.

As críticas ao funcionamento da Justiça estiveram presentes na marcha, não só no discurso político, mas também nos que viveram a violência, como Amélia Santos. A filha, Carla, separou-se do companheiro em 2010, que a sequestrou, maltratou, assim como ao filho de ambos, que na data tinha apenas 22 meses. O agressor esteve preso por uma noite apenas, lamentou Amélia Santos, e viu ser-lhe aplicada uma pena suspensa de um ano e meio de prisão e uma multa de 700 euros. Seguiram-se perseguições e ameaças, a toda a família, queixas da vítima à polícia e a morte do irmão – assassinado pelo companheiro de Carla – três meses antes da sua.

“A morte da minha filha foi uma morte anunciada”, disse Amélia Santos, criticando o funcionamento da Justiça e justificando a sua presença na marcha com a sua perda, mas também com a morte de quase 500 mulheres em 10 anos, que tiveram como consequência quase mil crianças órfãs, para as quais lamenta a falta de apoio do Estado.

O Governo esteve representado pelo ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, pela ministra da Presidência e da Modernização Administrativa, Maria Manuel Leitão Marques, e pela secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade, Rosa Monteiro.

Também a dirigente do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, participou na manifestação, que integrou ainda várias organizações como a União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR) e a Plataforma Portuguesa para os Direitos das Mulheres (PpDM).

AT com Lusa

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