Cristina Ferreira: A “emigrante” que investiu poupanças no “projeto final” e que vai pagar à SIC apenas “o que está no contrato”

Cristina Ferreira
[Fotografia: Instagram]

Manhã na praia de sempre, a Ericeira, para uma caminhada, tarde nos bastidores da TVI e, já pelas 20 horas, sentada no camarim para ser maquilhada. Este foi o dia de Cristina Ferreira antes de se sentar, com um vestido negro com mangas em balão, no renovado Jornal as 8, de Queluz de Baixo, para dar a primeira entrevista no regresso à estação que a viu nascer.

Entre imagens dos 17 anos de percurso na estação, Cristina Ferreira revela que se sente a “emigrante” que regressa a casa. “Saí [para a SIC] a saber que voltava, não sabia era quando, nem sabia em que moldes voltava. Senti-me emigrante, fui procura de alguma coisa mais, mas depois faltavam-me depois as pessoas. Quando há aquelas saudades de casa, aqueles que estão à nossa espera, com quem continuas a conversar e almoçar, essas pessoas fizeram-me falta. Quando surgiu a oportunidade, os meus estavam aqui, os meus amores estavam aqui”, afirmou.

A nova senhora televisão reconhece que, tal como o Delas.pt avançou, entra como acionista na Media Capital “por um milhão mais qualquer coisa” (o negócio vale perto de milhão e meio), resultado das suas “poupanças”. “Este é o meu projeto final, profissional, não vou para mais lado nenhum, vou ficar aqui para o resto dos meus dias. Comprar uma percentagem desta casa diz isso mesmo”, referiu em entrevista a Pedro Pinto.

“Foi comprada com o meu dinheiro, foi o que eu poupei ao longo destes anos todos”, afirmou. E prosseguiu: “Vim para aqui [TVI] a ganhar 500 euros enquanto apresentadora, chego aqui, hoje, acima de tudo, por mérito próprio e isso devíamos relevar”, pediu.

Diz que os 20 milhões de euros de indemnização que a SIC exige “não têm fundamento”, “não” lhe “tiram o sono” e garante que vai pagar, mas apenas o que está no contrato: cerca de um milhão de euros por cada ano incumprido, o que resulta em dois milhões. Tudo o resto segue para tribunal, prometeu a nova diretora da TVI e acionista. “[A questão] vai ser tratada em sede própria. Há lugar a indemnização e que estava estipulada no meu contrato, vou pagar, não há alternativa. Estava lá, esta escrita, eu pago. O resto será em tribunal”, promete.

Uma entrevista que não terminou sem que Cristina Ferreira fizesse a transição para o Big Brother dizendo que a escolha de Teresa Guilherme para regressar ao formato foi a “devolução de uma vida”. Recorde-se que foi esta quem primeiro a chamou para a antena, ainda antes de 2003.

Cristina Ferreira anunciou a transferência da SIC para a TVI em julho e com estrondo e polémica. A rescisão unilateral do contrato que a ligava à estação de Balsemão levou este canal a anunciar que iria até às últimas consequências, culminando, em agosto, com a exigência de uma indemnização de mais de 20 milhões de euros à apresentadora.

Esta reagiu, afirmou que não iria pagar aquele montante e a imprensa avançou, com base em fontes próximas à atual responsável de programação da TVI e futura acionista da Media Capital – tendo comunicado, na semana passada, a compra de 2,5% das ações num negócio que pode valer perto de milhão e meio de euros – , que estava a preparar a sua defesa com base na alegação de incumprimento de contrato devido a formatos não feitos e a um poder que não chegou a exercer: o de consultora à Direção de Entretenimento e Ficção da SIC.

Recorde abaixo a entrevista que Cristina Ferreira deu à SIC quando, há dois anos, explicava a sua ida para Carnaxide.

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