Cruz Vermelha seguiu para a Beira com “maternidade” para assistir 45 mil partos

Cruz Vermelha
Fotografia: Diana Quintela/Global Imagens

Um avião fretado pela Cruz Vermelha Portuguesa levou este domingo, 31 de março, para a Beira, Moçambique, uma maternidade para dar assistência aos 45 mil partos previstos para as “próximas semanas”. O anúncio foi feito pelo presidente da organização humanitária, Francisco George, em Lisboa.

Este será o primeiro voo totalmente dirigido para a proteção materno infantil, salientou o responsável de Cruz Vermelha Portuguesa, numa altura em que, explicou, “há muitas gravidezes e partos antecipados devido ao stresse”, que a passagem do ciclone Idai por Moçambique, provocou nos residentes das áreas mais afetadas.

No Boeing 767 seguirá, além de uma enfermeira parteira, um bloco de parto, equipamentos para ecografias, e marquesas, bem como 1.500 quilos de ‘kites’ de parto, com panos, tesouras descartáveis, molas de umbigo para os recém-nascidos, luvas e viseiras.

A Cruz Vermelha leva também, segundo Francisco George, simuladores de partos para formação de parteiras e adolescentes, artigos de puericultura, e “cinco dúzias de pastéis de nata para a equipa que lá se encontra”. “Foi o que nos pediram”, disse o responsável, citado pela Lusa.

No total, são 33 toneladas de material, carregadas este fim de semana, no aeroporto de Figo Maduro por 70 voluntários.

“Portugal está a por ao serviço de Moçambique o que tem de melhor”, garantiu o presidente da Cruz Vermelha, acrescentando que “já houve um tempo em que a cooperação portuguesa era frágil e falhou”, porque havia “demasiados interesses”, mas “este tempo é diferente”.

Portugueses já doaram dois milhões de euros em donativos

Francisco George salientou que a Cruz Vermelha é “exigente no destino do que leva”, porque tem de se responsabilizar perante os portugueses que já deram quase dois milhões de euros de donativos.

Conseguimos ultrapassar a barreira psicológica que se criou depois de Pedrógão. Temos noção do ambiente de hostilidade que foi criado, e estamos aqui para dizer que nos responsabilizamos”, disse o médico aos jornalistas que também integram o voo.

No avião, além de Francisco George e da enfermeira, vai também Henrique Soares dos Santos, filho de Alexandre Soares dos Santos, o patrão da Jerónimo Martins, que financiou os 220 mil euros que custa o voo.

Francisco Jorge estima que a Operação Embondeiro – que a Cruz Vermelha está a desenvolver com os Médicos do Mundo – se prolongue no mínimo até ao final do ano, uma vez que o número de mortes, provocadas pelo ciclone, subiu para 501, e apesar de o número de feridos se manter ainda nos 1.523, o total de pessoas afetadas também subiu, para 843.723.

O total de desalojados em centros de acolhimento mantém-se em 140.784, assim como o número de famílias beneficiárias de assistência humanitária: 29.098. O número de casas totalmente destruídas ascende a 56.095 (com outras 28.129 parcialmente danificadas), sendo que a maioria são habitações de construção precária, contabiliza a Lusa.

O ciclone Idai atingiu a região centro de Moçambique, o Maláui e o Zimbabué em 14 de março.

Além de ter provocado pelo menos 816 mortos no total, a passagem do ciclone Idai em Moçambique, no Zimbabué e no Maláui afetou 2,9 milhões de pessoas, segundo dados das agências das Nações Unidas.

A região enfrenta agora o perigo de fome e epidemias, com 271 casos de cólera já registados na cidade da Beira.

A Organização das Nações Unidas (ONU) inicia na quarta-feira um programa de vacinação oral contra a cólera, de 900 mil unidades.

A agência da ONU para a Alimentação e Agricultura (FAO) calcula que sejam necessários 19 milhões de dólares (16,9 milhões de euros) durante os próximos três meses para ajudar os mais afetados pelo ciclone em Moçambique.

Delas com Lusa

 

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