A preguiça é contagiosa, diz estudo

A ciência traz boas notícias para os preguiçosos e melhores ainda para os que não se permitem a este tipo de luxo. É que não há nada melhor do que preguiçar… acompanhado.

Por isso, no Dia Internacional dedicada a esta árdua tarefa – e que se assinala esta terça-feira, 7 de novembro – há agora quem diga que se trata de uma condição que pode ser contagiosa. Sim, contagiosa!

Jean Daunizeau, investigador francês do Instituto Nacional da Saúde e da Pesquisa Médica (INSERM) afirma que as pessoas têm tendência para assimilar comportamentos de outros e que lhes são próximos. “A maioria das nossas decisões diárias são feitas de trocas entre a perspetiva de recompensa e os custos inerentes a fatores como o risco, o esforço e o atraso”, afirmou o pesquisador à revista Time. E considera que esses comportamentos são “voláteis e propensos à influência dos outros”.

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De regresso ao estudo, publicado na revista PLOS Computational Biology, a equipa co-liderada por aquele investigador, no departamento de Motivação, Cérebro e Comportamento, pediu a 56 pessoas que decidissem sobre matérias que envolvessem exatamente riscos, atrasos ou esforços.

Numa perspetiva mais concreta, perguntaram ao grupo de voluntários se preferiram arriscar uma lotaria em que tivessem 90% de probabilidades de ganhar, mas uma quantia residual; se preferiam uma recompensa por três dias; ou uma maior, para durar vários meses. Ou ainda, se preferiam dar corpo a uma tarefa fisicamente árdua com um bom retorno monetário ou uma mais leve, mas com um rendimento inferior.


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Os participantes foram convidados a prever como é que outras pessoas abordariam aqueles mesmos cenários. Depois de ver as respostas destes – que eram, na verdade, algoritmos de computador, desconhecidos para os verdadeiros voluntários e inexistentes -, as mesmas pessoas foram convidadas a fazer uma nova série de decisões.

Nesta nova ronda, as atitudes dos participantes tenderam a tornar-se mais semelhantes às dos intervenientes fictícios. Muitos também assumiram – sem qualquer prova – que as atitudes dos outros se assemelhariam muito às suas.
Para os autores, estas mudanças de atitude subconscientes podem estar entre os muitos fatores que contribuem para o alinhamento dos comportamentos humanos coletivos. E se a preguiça é contagiosa, os mesmos investigadores lembram que o contágio também se alarga à prudência e à impaciência.

Por provar está ainda se este tipo de comportamento contagioso se mantém quando os feedbacks são de outra natureza, quando reage a pressão externa ou mesmo quando toma consciência desta escolha feita em paralelo.

Como diz Daunizeau, ainda há perguntas por responder como: “Se seu chefe for preguiçoso o recompensar por ter investido mais esforços no trabalho, a pessoa tornar-se-á mais ou menos preguiçosa?” Ou, pelo contrário, “se alguém reparar que está a ceder à preguiça devido ao exemplo superior?” O investigador crê que ainda há muito caminho por explorar nesta matéria, mas não duvida, para já, que as pessoas se aproximem de quem mais apreciam.

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