Da China e os EUA: cientistas na corrida para combater vírus Zika

Cientistas da Universidade de Arizona, Estados Unidos, desenvolveram uma nova vacina contra o vírus Zika, a partir de uma planta, que pode ser a mais potente, segura e barata, foi anunciado esta quarta-feira, 9 de agosto.

“A nossa vacina oferece segurança reforçada e potencialmente reduz os custos de produção mais do que qualquer outra atual alternativa, e com a mesma eficácia”, disse o cientista Qiang “Shawn” Chen, do Instituto de Biodesign da Arizona State University (ASU), que liderou a equipa de investigação.

O Zika expandiu-se e tornou-se mais conhecido em 2015, quando infetou milhões de pessoas, especialmente na América do Sul. É transmitido pela picada do mosquito e quando infeta mulheres grávidas pode afetar gravemente os bebés.

Com o aparecimento do Zika surgiram os esforços científicos para encontrar uma vacina. Várias potenciais vacinas apresentaram até agora resultados promissores, em testes em animais mas também em humanos, embora até hoje não haja vacinas licenciadas ou terapêuticas disponíveis para combater a doença.


Enquanto não chega a vacina, saiba como se proteger


Alexander Green, cientista da ASU, com a colaboração da Universidade de Harvard, já tinha desenvolvido um teste ao Zika rápido e fiável.

Agora, Chen, especialista em vírus que trabalhou nos últimos 10 anos em terapias e vacinas baseadas em plantas contra o vírus do Nilo e a febre dengue (da mesma família do Zika, flavivírus), aperfeiçoou uma vacina contra uma parte de uma proteína viral chamada DIII e que desempenha um papel crucial na infeção das pessoas.

O responsável explicou que todos flavivírus têm a proteína e que para chegar à vacina foi cultivada a proteína que foi colocada depois na planta de tabaco. A fase seguinte foi fazer experiências de imunização em ratos, que demonstraram uma proteção a vários tipos do vírus a 100%.

A produção de vacinas baseadas em plantas, especialmente de tabaco, tem sido comum junto dos investigadores da ASU. O vírus Zika é transmitido pelo mosquito Aedes e provoca microcefalia.

Cientistas chineses desenvolvem possível inibidor do vírus Zika

Uma equipa de investigadores chineses desenvolveu um possível inibidor do vírus Zika baseado em moléculas, que foi testado em ratos e poderá ajudar a combater a propagação do vírus entre seres humanos.

Segundo o jornal Shanghai Daily, a equipa é constituída por cientistas da Universidade de Fudan e do Instituto de Microbiologia e Epidemiologia de Pequim. Os resultados do estudo foram publicados na terça-feira no portal na internet Nature Communications.

A equipa desenvolveu um péptido sintético, moléculas biológicas constituídas por uma cadeia de aminoácidos, derivado da proteína de envelope do Zika, designada Z2, que pode inibir a infeção com o vírus. Descobriu ainda que o Z2 pode interagir com a proteína de superfície do Zika e perturbar a integridade da membrana viral.

O tratamento demonstrou ser eficaz em ratos e os cientistas esperam desenvolver um tratamento antiviral para seres humanos.

Recorde os efeitos nefastos do vírus

O Zika é um vírus transmitido por mosquitos que, entre outras patologias, pode causar febre, erupções e a microcefalia nos fetos, quando infeta uma grávida.

Não existe atualmente um tratamento terapêutico ou vacina específica, pelo que os esforços estão focados no desenvolvimento de fármacos antivirais e vacinas para o tratamento e prevenção.

A epidemia de Zika preocupou o Brasil e o mundo no final de 2015, quando médicos começaram a relacionar a doença com o aumento exponencial de nascimento de bebés com microcefalia ou com graves alterações neurológicas.

Segundo a OMS o vírus foi pela primeira vez identificado em macacos no Uganda em 1947. Foi identificado em humanos em 1952, no Uganda e na Tanzânia, e os primeiros grandes surtos foram na Micronésia, em 2007, e no Brasil em 2015.

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