Se Hollywood trouxe para as luzes da ribalta os casos de assédio sexual a dezenas de atrizes, agora é a vez de os políticos americanos acusados do mesmo comportamento com colegas e assistentes prestarem contas.

É isso que duas eleitas da Câmara dos Representantes dos EUA, uma democrata e uma republicana, querem que aconteça no Congresso, onde são vários os casos que vão somando nos corredores do Capitólio, mas que não têm consequências políticas ou legais.

Esta terça-feira, 14 de novembro, Jackie Speier e Barbara Comstock denunciaram que pelo menos dois atuais congressistas assediaram colegas no Congresso.

Speier, congressista democrata eleita pelo Estado da Califórnia, declarou durante uma audição sobre o assunto que dois congressistas, identificando apenas que um é republicano e outro democrata, cometeram assédio sexual.

A congressista, ela própria vítima de abuso por parte de um chefe enquanto trabalhava no Capitólio, já tinha vindo pedir publicamente que as mulheres se juntassem ao movimento #metoo e denunciassem os casos de assédio de que tivessem sido alvo.

“Muitas de nós conhecemos a situação, porque o Congresso tem sido, desde há muito, terreno de um ambiente profissional hostil”, afirmou num vídeo divulgado em outubro deste ano e que pode ver acima.

Jackie Speier descreveu uma atmosfera de predação sexual no Capitólio e exemplificou com o casos de “vítimas cujas partes íntimas foram apalpadas em pleno hemiciclo da Câmara”.

A congressista democrata revelou entretanto que teve “numerosas reuniões e conversas telefónicas com colaboradores, atuais e antigos, homens e mulheres, que sofreram este comportamento indesculpável e com frequência ilegal”.

Também a congressista republicana Barbara Comstock denunciou o caso de uma jovem assistente parlamentar encarregada de levar documentos à residência privada do seu eleito, que estava nu quando lhe abriu a porta, estava nu.

“Nessa altura, ele decidiu exibir-se. Ela foi-se agora e depois demitiu-se”, contou a eleita ao Congresso.

Congressistas pedem alterações para permitir denúncias sem represálias

1.500 antigos colaboradores do Capitólio assinaram uma carta aberta, em que apelaram à reforma de procedimentos internos para gerir este tipo de casos. O apelo fez eco em vários congressistas que querem alterar os procedimentos internos para facilitar o tratamento destes casos, que descrevem como longo e complexo e que não permite às vítimas de assédio contar o sucedido sem receio de represálias.

Entretanto, os chefes parlamentares já começaram a fazer passar a mensagem de que este tipo de comportamento é inaceitável e cortaram relações com um candidato republicano ao Senado, no Estado do Alabama, Roy Moore.

O antigo magistrado ultraconservador é acusado de abusos sexuais sobre dois menores há cerca de 40 anos e vários dirigentes do Partido Republicano, entre os quais Paul Ryan, já pediram que desistisse do lugar.

Políticos britânicos suspeitos de assédio. Ministro da defesa demite-se

 

AT com Lusa