Duas tendas em forma de mama dão “corpo” a uma iniciativa em Lisboa que a partir desta quarta-feira, 16 de outubro, e até sábado, 19, promove a dádiva de sangue para fins de investigação científica do cancro da mama metastático.
A iniciativa tem o nome de Semana da Mama e é organizada pelo Instituto Gulbenkian de Medicina Molecular, que resultou da recente fusão do Instituto Gulbenkian de Ciência e do Instituto de Medicina Molecular.
Na sua segunda edição – a primeira foi em 2023 – a Semana da Mama, que inclui uma exposição e conversas com cientistas, visa sensibilizar as pessoas para o cancro da mama, que, segundo estimativas, pode atingir uma em cada oito mulheres em Portugal.
Este ano, a atenção volta a estar especialmente virada para o cancro da mama metastático, subdiagnosticado e na origem de mais de metade das mortes por cancro da mama. Este tipo de cancro ocorre quando o tumor primário na mama migra para outros órgãos do corpo, como ossos, pulmão, fígado e cérebro.
“Estamos preocupados com a dificuldade, com a quase total ausência de diagnóstico do cancro metastático”, assinalou à Lusa o investigador Sérgio Dias, que dirige o Laboratório Translacional para o Cancro da Mama Metastático no instituto.
Nas tendas montadas na Alameda da Universidade, em frente ao edifício da reitoria da Universidade de Lisboa, quem desejar responder ao apelo da dádiva pode dar sangue de manhã, a partir das 10:00, e até sábado.
As amostras recolhidas vão ter como destino o biobanco do Centro Académico de Medicina de Lisboa, um repositório de amostras biológicas doadas voluntariamente por doentes e pessoas saudáveis, tais como sangue, células, tecidos.
As amostras de doentes são necessárias para o estudo de doenças e de novos medicamentos, trabalho que requer amostras de pessoas saudáveis para grupos de controlo.
No biobanco há amostras de tumores da mama que cientistas do Instituto Gulbenkian de Medicina Molecular estão a estudar com o intuito de identificarem biomarcadores da doença, nomeadamente da sua progressão e metastização, e desenvolverem testes funcionais e personalizados que permitam fazer o diagnóstico antecipado e acelerar o tratamento mais adequado.
No laboratório que Sérgio Dias coordena os cientistas estão a procurar perceber por que razão certos tumores da mama têm potencial para formar metástases. Já têm “algumas suspeitas”, mas que precisam de ser buriladas para obterem biomarcadores fiáveis para serem testados.
A meta do laboratório é aumentar o diagnóstico precoce do cancro da mama metastático até 2030.
com LUSA