Denunciou assédio sexual e foi condenada a oito anos de prisão

Mona Al-Mazbouh tem 24 anos, é libanesa, e estava de férias no Egito quando a sua vida mudou. A turista fez um filme de dez minutos no qual denunciava comportamentos de assédio e perseguição nas ruas e nos táxis que sentiu no território e provocou a ira do povo. Na galeria acima, recorde alguns dos sinais que indicam um perigo iminente.

Ora, Al-Mazbouh acabava de cometer um crime, uma vez que as denúncias desta natureza no Egito são punidas por lei. Um caso que, segundo fontes judiciais, culminou numa primeira condenação de 11 anos e que foi, no sábado passado, 8 de julho, revista para oito.

Mas afinal, o que disse ela?

Segundo o site EgiptToday, a libanesa descreveu o povo como uma dos mais ”sujos” na terra e descreveu o território como “um estado de chulos… um estado de pedintes”. Comentários que surgiram na sequência de um episódio de assédio perpetrado por dois homens no bairro de Zamalek, na capital.

Mona Al-Mazbouh [Fotografia: Facebook]
Comentários da libanesa que, depois de gravados, foram publicados na sua página do Facebook e que levaram vários cidadãos a apresentar queixa por considerarem tratar-se de um “atentado contra o povo egípcio e o seu presidente”.

Detida pelas autoridades em vésperas de embarcar no avião, no Aeroporto Internacional do Cairo, que a levaria de volta a casa, em maio último, a mulher de 24 anos acabaria acusada de espalhar “deliberadamente falsos rumores que tinham por objetivo minar a sociedade e atacar as religiões”.

Numa tentativa de se retratar, Al-Mazbouh publicou um segundo vídeo, pedindo desculpa e no qual referiu que não tinha qualquer intenção de insultar os egípcios. “Gosto de todos eles e adoro este país, e é por isso que visitei mais do que uma vez e voltei”, terá dito a libanesa, citada pelo jornal francês Observateur.

Pena máxima

Emad Kamal, advogado da turista, prepara nova apelação ao tribunal do Cairo para o fim deste mês, a 29 de julho. Isto porque considera que se trata de um “veredicto severo”, segundo o qual, “tendo sido aplicado no quadro da lei”, o tribunal “aplicou “pena máxima”. De acordo com a agência noticiosa estatal Al-Ahram, a mulher terá visto a sua pena reduzida também porque pagou cerca de 500 euros de coima.

Segundo a FranceInfo, uma defesa que, até agora, tem passado pela alegação de que a mulher sofria de depressão e que tinha sido recentemente sujeita a uma cirurgia que lhe estava a alterar o controlo das emoções. Aliás, o pai da libanesa, Ali Mazbouh já veio, na segunda-feira, 9 de julho, pedir publicamente desculpa, reiterar que a filha tinha “problemas de saúde” e solicitar a clemência do estado egípcio.

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Segundo a imprensa francesa, uma rapariga egípcia também mencionou no Facebook ter sido alvo de assédio sexual e, na sequência disso, foi mantida em detenção por mais de um mês. Um episódio que teve lugar em maio.

Imagem de destaque: Facebook

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