Saiba qual a idade mínima para fazer depilação total sem riscos

A depilação integral da zona púbica deixou de ser uma tendência para fazer parte do ritual de higiene e beleza de muitas mulheres, em especial no verão. Mas a opção por retirar os pêlos dessa zona do corpo continua a não ser consensual, nem entre as feministas, nem entre médicos.

Em certos aspetos, porém, os especialistas parecem estar de acordo. Se por um lado, no geral desfazem a ideia de que os pêlos são sinónimo de falta de higiene, por outro desaconselham a depilação integral na pré-adolescência.

Ramón Grimalt, médico dermatologista e coordenador do grupo de tricologia [o braço da medicina que trata de pêlos e de cabelos] da Academia Espanhola de Dermatologia e Venereologia, defende, num artigo ao diário digital El Confindencial que depilar os pêlos púbicos não tem qualquer vantagem, “é uma questão de moda, não de saúde”, e adverte para os riscos de começar a fazer este tipo de depilação assim que começam a aparecer os primeiros sinais da adolescência, quando o desenvolvimento hormonal ainda não está completo.

O médico alerta também para os casos de doenças sexualmente transmissíveis que aparecem em adolescentes, em resultado dessa opção estética. Na fotogaleria, em cima, veja alguns dos alertas deixados e saiba como se prevenir e os cuidados a ter se optar por esta prática.

“Aos 12 anos não se deve fazer depilação total”.

A ginecologista portuguesa Maria do Céu Santo partilha desta opinião e também não recomenda que se faça depilação integral, muito menos definitiva, no início da puberdade. Apesar de considerar que nas pernas e nas virilhas não é problemático, a especialista afirma que “aos 12 anos não se deve fazer depilação total”.

Não só pelo facto de as adolescentes estarem ainda numa fase de crescimento, mas, por muitas vezes, haver hipersensibilidade da pele. Ainda assim, se a depilação for muito importante, sobretudo devido a questões de autoestima, a ginecologista admite que, nessa fase, possa ser feita a depilação integral sem contraindicações, mas desaconselha-a totalmente se for na versão definitiva.


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Com a depilação definitiva há adolescentes e mulheres que têm mais infeções, porque o pêlo púbico tem como objetivo proteger. Ele acaba ao nível do ânus e protege a parte do colibacilo e do que está no intestino de passar para a vagina e para a uretra. E os pêlos púbicos são ondulados para proteger mais. É como uma almofadinha”, explica Maria do Céu Santo.

Uma vez que, com a depilação total, essa zona do corpo fica mais exposta, as infeções podem ocorrer com mais rapidez. “Os lábios da vagina estão em contacto com a cueca, ou com o penso, e é mais fácil desenvolverem-se alergias ou as chamadas dermatites de contacto.”

A ginecologista não avança com um limite mínimo de idade para se poder fazer a depilação integral. Excluindo o início da puberdade, e concedendo algumas exceções, ressalva que a escolha do método de depilação e do estabelecimento onde esta é feita também pode influenciar o aparecimento de irritações, feridas e outros problemas dermatológicos que, por sua vez, podem facilitar o contágio de doenças sexualmente transmissíveis.

Se têm fissuras e golpes quer dizer que o processo está a ser agressivo e as depilações feitas com pouca qualidade”, diz a ginecologista, que aponta “o risco de sépsia” como principal problema a a poder resultar desses fatores. Por outro lado, se após a depilação não há mais corrimento que o habitual, infeções urinárias, ou comichão, a ginecologista não vê contraindicações.

O segredo está em vigiar os sinais de possíveis reações. No caso da adolescente começar a ter foliculites ou inflamação do pêlo quando este está a crescer, “talvez seja melhor não fazer a depilação integral ou mudar de método”. Caso contrário, e se for feita em sítios de confiança e não houver nenhuma contraindicação, à partida, quem quiser optar pela depilação integral pode fazê-lo em segurança.

Imagem de destaque: Shutterstock