Depois das magras, as menores. Nova Iorque quer novas regras para os desfiles

O Conselho de Designers de Moda da América está a pedir às grandes casas de luxo para não contratarem modelos com menos de 18 anos e para a próxima Semana da Moda de Nova Iorque, com arranque marcado para 7 de fevereiro e até 15 desse mês.

Steven Kolb, presidente daquela entidade que reúne cerca de meio milhar de profissionais, enviou um email na segunda-feira, 28 de janeiro, no qual pedia aos autores e promotores dos desfiles que integram o certame que “promovessem a diversidade e inclusão, dentro e fora das passerelles”.

Nessa mesma nota, Kolb defendia que a “América pode liderar este caminho” e lembrava que o Conselho “encoraja veementemente a apoiar o bem-estar dos mais novos, sendo que, para tal, não deve recrutar manequins com menos de 18 anos para desfiles”. A mesma missiva pedia para que fossem criadas “áreas de bastidores em que os manequins pudessem mudar de roupa”, promovendo a “privacidade”.

Esta não é uma reivindicação nova. No final do ano passado, a Vogue norte-americana tinha já declarado que não iria contratar menores para as suas produções. Já em setembro de 2017, as principais marcas de luxo mundiais pediam cuidados no recrutamento de menores, subscrevendo uma carta de princípios e na qual estabeleciam os 16 anos como idade mínima para o trabalho dos modelos.

Entre os subscritores desta medida autorreguladora estavam a designer Stella McCartney e casas como a Gucci, a Saint Laurent, a Louis Vuitton e a Dior. Apresentada na véspera da última edição da Semana da Moda de Nova Iorque, o mesmo memorando, intitulado Carta das Relações Laborais e Bem-Estar dos Manequins, vinha também proibir o uso do tamanho 32.

“Queríamos ir rápido e fazer com que as coisas realmente mudassem, tentando que os outros atores da moda, na medida do possível, nos sigam”, afirmou, à data o presidente do gigante de luxo Kering, François-Henri Pinault, e à agência noticiosa France Presse. Na ocasião, também Antoine Arnault, membro do conselho de Administração da LVMH e filho do presidente da empresa, Bernard Arnault, congratulou-se com a carta que “realmente impõe uma mudança”.

Magreza: a imagem de marca que está a mudar desde 2013

Lutando contra o uso e promoção de imagens de manequins excessivamente magras e obrigando as marcas de moda a ter mais consciência nas tendências femininas que emitem, Paris aprovou, em abril de 2015, um clausulado que interditava a contratação desse tipo de manequins e como forma de dissuasão de comportamentos de risco e transtornos alimentares.

Nessa ocasião, era aprovada uma lei que previa a prisão de até seis meses e multa de 75 mil euros para qualquer marca que recorresse a modelos excessivamente magras. Segundo a agência noticiosa Reuters, a legislação fazia parte de um combate mais vasto contra a anorexia e que estava a ser apoiado pelo então presidente francês François Hollande.

Apesar de o país ser ponta de lança em matéria as indústrias da moda e do luxo, não seria o primeiro a aplicar medidas restritivas nesta matéria. Em 2013, Itália, Espanha e Israel tinham adotado clausulados que impediam o uso de imagens de modelos exageradamente magras nos desfiles e mesmo em campanhas publicitárias.

Na galeria acima reveja os looks de beleza propostos na Semana da moda de Nova Iorque e para a primavera/verão de 2019.

Imagem de destaque: Shutterstock

Gigantes da moda proíbem tamanhos pequenos e manequins menores de 16 anos