“Acredita que também existe uma precariedade do acto de barbear para os homens?”. A pergunta foi feita, entre sorrisos, por Paolo Pamini, economista de 47 anos, elemento eleito pela União Democrática do Centro, a propósito da intervenção da deputada ambientalista Léonore Porchet no Conselho Nacional suíço e em torno da pobreza menstrual e de medidas para a combater.
A deputada ambientalista eleita, de 35 anos, não recuou ante a provocação e tomou a palavra. “Estou muito feliz por me fazer esta pergunta porque estou com o período hoje, caro colega!”, afirmou. E prosseguiu, explicando: “Se eu não usasse proteção menstrual, posso dizer que as consequências aqui seriam muito diferentes daquelas que teriam lugar se o senhor não se barbeasse. A diferença entre as nossas duas situações é que eu tenho de me preocupar em não manchar os móveis, em não manchar a roupa. Deveria também preocupar-me com o facto de todos os senhores deste lado do hemiciclo, que se riram porque estou a falar deste assunto, não se rirem de mim”, sublinhou. A deputada lembrou ainda que se o deputado não se barbeasse na manhã seguinte, “não haveria motivo para rir da situação”.
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Um comentário que documentou, na opinião da deputada, a necessidade de um debate urgente sobre a matéria por uma questão de saúde, dignidade e segurança das mulheres.
No rescaldo do episódio, que teve lugar a 25 de setembro, Leonore Porchet declarou aos media suíços, citada pela revista francesa Madame Figaro, que se tratou de “um acto diário de microfeminismo”. “Quando tenho menstruações dolorosas, falo sobre isso com alegria. Como se estivesse com uma gripe”, acrescentou.