Não é a primeira, nem será a última, que a moda procura quebrar convenções, significados e símbolos. Desta vez, a nova linha parte da mão do estilista húngaro radicado no Reino Unido, Fabian Kis-Juhasz, que criou uma bolsa para a cintura que parte diretamente de um cinto de castidade, símbolo da repressão masculina sobre as mulheres na Idade Média.
Ao site Dazed, o designer explicou que a ideia da peça nasceu do já longo fascínio por “cintos de castidade” porque “são tão intrinsecamente exagerados”. Associados à ideia de repressão, Kis-Juhasz justifica que “eles [os cintos de castidade] não eram efetivamente reais na época medieval, eram falados num sentido alegórico que, posteriormente, gerou algumas reiterações físicas muito mais tarde, no século XVII, o que os torna ainda mais cómicos”, justificou o estilista.
Nesse sentido, Fabian Kis-Juhasz considera que esta sua proposta de design esvazia a ideia de agressão agregada a cintos de castidade. “Reinventei-os como pochetes, pensei que se os tornasse mais práticos, tal seria libertador, bem como acreditar que ao transformar o cinto de castidade em algo tão mundano e sem glamour como uma pochete parecia estar de acordo com a natureza do próprio cinto”, afirmou.
Fabian Kis-Juhasz é formado pela London College of Fashion, University of the Arts London e tem mestrado em moda de mulher pelo Royal College of Art. No seu percurso, trabalhou em estágios de design e projetos colaborativos como Levi’s, Puig e Nina Ricci e já teve peças suas usadas por celebridades como a atriz Chloe Sevigny e a cantora Christina Aguilera.
O designer húngaro apresenta-se como um criativo que concebe roupa para ”todas as identidades femininas”. Para tal faz uso de uma máxima segundo a qual sustenta que “não é preciso ser-se feminina para se ser uma mulher nem ser-se uma mulher para se ser feminina”.