Estereótipos na saúde pioram… saúde das mulheres

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[Fotografia: Pexels]

Os estereótipos ligados ao género afetam a forma como as mulheres, e os profissionais da saúde, enfrentam os problemas de saúde femininos e masculinos.

A historiadora feminista Elinor Cleghorn, que publicou no ano passado em inglês Mulheres doentes: uma viagem através da medicina e do mito num mundo feito pelo homem (“Unwell women: a journey through medicine and myth in a man-made world”), desenvolve a tese de que a saúde das mulheres tem sido constantemente mal compreendida e interpretada ao longo da História.

Afinal, quem não imagina o enfarte do miocárdio como uma doença masculina e, por oposição, a depressão como indelével marca feminina? “A ‘natureza’ das mulheres, as representações que fizeram delas como criaturas frágeis impregnaram durante muito tempo a medicina”, confirma a neurobióloga francesa Catherine Vidal.

Num relatório apresentado recentemente à agência francesa para a igualdade entre homens e mulheres, a investigadora explica que “os códigos sociais vinculados aos géneros feminino e masculino influenciam a expressão dos sintomas, a relação com o corpo, a decisão de pedir ajuda“.

Entre os profissionais de saúde, os preconceitos relacionados com o género podem influenciar a interpretação dos sintomas clínicos e os cuidados. Por exemplo, as mulheres são na realidade mais vulneráveis que os homens às doenças cardiovasculares: 56% morrem por causa delas, contra 46% entre os homens. E, no entanto, o enfarte do miocárdio permanece subdiagnosticado entre as mulheres e mais relacionado ao stress no trabalho dos homens.

As mulheres sofrem de depressão em média duas vezes mais que os homens. Mas o principal motivo não são as hormonas, como se imaginou por muito tempo. As pesquisas demonstraram que as diferenças de género na prevalência de depressão variam de acordo com a situação socioeconómica.

AFP