Há muito que ter cobertores pesados na hora de dormir tem sido testado para múltiplas condições de saúde. Mas agora, a experiência tem sido alargada a quem tem, efetivamente, problemas de descanso.
E se o mercado tem vindo a oferecer múltiplas soluções nesse sentido – com opções nos Estados Unidos, Canadá, Londres, Alemanha e países nórdicos -, também os portugueses se aventuraram nesta área de negócio: a do descanso.
“Sou dos que tem sonhos leves com um ou dois despertares por noite, acordando por tudo e por nada, para quem um telemóvel em carregamento tem o efeito de toque de sinos a rebate”, começa por relatar Marco Moreira. Arquiteto, de 45 anos, há muito que se debate com o problema do sono, tentou várias alternativas e aceitou testar, em nome do Delas.pt, a aposta de Pedro Caseiro e Ricardo Parreira. Estes dois amigos criaram a Blanky, um cobertor mesmo muito pesado que pretende repor os níveis de descanso.
Para o nosso site, Marco Moreira aceitou ir redigindo um diário sobre a sua experiência, que é agora publicada na véspera do Dia Mundial do Sono, que se assinala esta sexta-feira, 19 de março.
Com 67 quilos, Marco Moreira tem vindo a dormir com um cobertor de mais de sete, um valor até excessivo ao que a marca recomenda. Porém, tratou-se de uma perda de peso que entretanto se instalou. Ainda assim, a experiência seguiu.
Leia, na primeira pessoa, o diário destas noites de sono.
Noite 0: “Foi um misto de surpresa e, muito mais, agrado, uma vez que já pensava experimentar algo parecido há muito tempo, apesar de não saber grandes pormenores acerca do conceito. Tinha 72 quilos há seis meses, atualmente tenho 67, motivados por uma dieta sem glúten e lactose (refiro este aspeto porque poderá ter influência para explicar algumas reações à Blanky). Sou dos que tem sonhos leves com um ou 2 despertares por noite, acordando por tudo e por nada, para quem um telemóvel em carregamento tem o efeito de toque de sinos a rebate. No entanto, apesar de não haver horário certo para dormir, o horário de despertar acontece habitualmente às 8h00, através de alarme despertador”.
Noite 01: “Só aconteceu dois dias após a receção. Pelas, 1.30 horas da manhã, após maratona de trabalho ao computador, coloco pela primeira vez o cobertor sobre a colcha. É bastante surpreendente a sensação de o agarrar e estender, devido ao seu peso, uma vez que o cérebro não associa os gestos de colocar e estender uma manta na cama a algo com cerca de 10% do nosso peso.
Dez minutos depois, estou deitado. Uma sensação estranha de ser empurrado contra o colchão. Uma espécie de massagem e compressão a várias mãos, sem que tivesse dado autorização para tal. É impossível abstrair-me do peso extra e a incomodidade da compressão dos ombros contra o colchão (confesso que já antes eram um problema, mas agudizaram com a pressão da Blanky, uma vez que durmo sempre em decúbito lateral). Penso: ’será que vou conseguir adormecer!?’ O corpo começa a relaxar, mesmo que contrariado. Adormeci, mas sempre sem deixar de me abstrair da presença estranha. Acordei cedo, pelas 6h30, mas porque o trabalho assim o exigiu.”
Noite 02: “Não me contive e revelei no trabalho a experiência que estava a fazer. Apesar de sentir que era apenas o início, algo poderia vir a mudar. Hoje vou mais cedo para a cama… pelas 00.30 horas ahahahah. A Blanky já permanece sobre a roupa de cama, mas mantendo seu caráter provisório , como se estivesse de passagem.
Estou deitado, a pressão mantém-se e o sono irá ser também velado pela presença estranha de Blanky. A sensação é igual à noite anterior. Indago-me se esta versão terá mais do que o peso necessário para mim. Acordei às 6.45 horas com o ruído do exterior, mas sem sono. Apesar da consciência da presença do peso do cobertor, acordei com a sensação de ter descansado, apesar de ter acordado algumas vezes devido ao incómodo da dor no ombro, dada a pressão contra o colchão.”
Noite 03: “Mais um esforço para tentar ir dormir mais cedo, pelas 00.15 horas. Deitado, o efeito da pressão mantém-se como principal dominador das atenções, apesar da sua presença já não ser estranha. O sono tende a tornar-se mais tranquilo, apesar da consciência da presença do peso extra. “
Noites 04, 05, 06: “Os sonos continuam numa curva ascendente relativamente à qualidade de horas dormidas. Apesar dos horários de deitar tardios, os despertares tendencialmente acontecem cada vez mais cedo, entre as 6h45 e as 7h30. As dores nos ombros do lado pressionado contra o colchão mantêm-se.”
Noite 07: “Finalmente a Blanky assume um caráter mais perene. É colocada na cama entre o edredão e a colcha exterior. A pressão exercida no corpo, apesar de ainda se fazer sentir, faz já parte do ambiente normalizado, o qual se torna natural e começa a ser absorvido pelo cérebro, como elemento de conforto. A variável ruído tornou-se o principal motivo de incómodo, tendo optado por colocar uns tampões de esponja. Apesar das poucas horas de sono, a qualidade do mesmo é indiscutivelmente melhor.”
Noites 08, 09, 10: “O seu peso deixou de ser um incómodo. Há obviamente uma assunção do novo peso como “novo normal”. Independentemente das poucas horas de sono, motivadas por razões externas, a qualidade das horas dormidas é notória. Nestas noites voltei a usar a goteira para os dentes cuja necessidade de utilização tinha vindo a descurar. A goteira tem o efeito de relaxamento da zona da ATM, facto que usado concomitantemente com esta experiência, vem ajudar grandemente todo este processo de melhoramento do período de sono.”
Noite 11: “Vou de viagem de fim-de-semana. Levo a Blanky também comigo. Chego ao novo local, falo dela e mostro-a às pessoas que fui visitar e ainda tento abdicar de uma noite na sua companhia, para divulgar e incitar à sua utilização, mas por sorte não aceitaram. Já é impensável dormir sem isso.”
Noites seguintes: “Já tento imaginar como será o seu comportamento térmico em noites de verão, uma vez que é nesse período que as insónias são muito mais frequentes. Não me imagino a dormir sem a Blanky, afirmo-o sem direito a qualquer publicidade enganosa, dado ter feito parte desta experiência sem qualquer contrapartida, a não ser a da oferta deste exemplar, (por sorte, diria).”