Dieta: o que é e o que faz o cortisol de que se queixa Cristina?

A apresentadora das manhãs da SIC, Cristina Ferreira, propôs-se a um desafio: perder a peso a tempo dos Globos de Ouro, em setembro, e numa ocasião em que tanta gente se põe à prova, abatendo alguns quilos a mais para os dias de calor e para o areal.

A tarefa do rosto da estação de Balsemão não tem sido, porém, nada fácil. Muito menos tem podido ser discreta. Na verdade, são frequentes os comentários – na sua maioria críticos – ao corpo e à dieta de Cristina Ferreira, quase a um nível diário.

À boleia dos comentários pejorativos à forma física da duquesa de Sussex, Meghan Markle, após ter sido mãe, o rosto das manhãs de Paço d’Arcos decidiu revelar a razão da dificuldade da sua dieta. “O stress tem implicações nos meus níveis de cortisol e o meu corpo reage imediatamente. O que é que isso quer dizer: um dia bem, o outro inchadíssima, um dia magra, um dia com mais três quilos, um dia não mostras os braços, no outro as pernas, agora usas um vestido largo”, escreveu, em tom de desabafo, a apresentadora no blogue Daily Cristina.

Uma vicissitude que mais não é do que uma condição que, segundo as especialistas em nutrição ouvidas pelo Delas.pt, empurra cada vez mais pessoas para os consultórios. “Não sabemos se o número de mulheres com este problema está aumentar, não há estudos”, antecipa Alexandra Bento. A bastonária da Ordem dos Nutricionistas vinca, no entanto, “que todos temos a perceção de que o papel da mulher na sociedade dos dias de hoje, com cargos de cada vez maior responsabilidade e que exigem uma vida de sucesso, com imenso stress, roubando horas de sono ao dia torna tudo muito mais díficil em termos de saúde.”

Iara Rodrigues, nutricionista de Cristina, mas a distanciar-se em absoluto do caso concreto, corrobora a leitura de Alexandra Bento. “Noto que as pessoas estão mais conscientes de que estes problemas existem física ou somaticamente, havendo um número mais relevante de pessoas a ter este tipo de sintomatologia, provocando efeitos perversos no corpo”.

Mas, afinal, o que é cortisol?

“É uma hormona e que é produzida pela glândula supra-renal. É envolvida numa resposta do nosso organismo ao stress excessivo e ao ritmo muito elevado de vida”, explica Alexandra Bento. Iara Rodrigues acrescenta: “Há uma sobrecarga, uma maior acumulação de cortisol no nosso corpo, provocando edema, retenção, inchaço, dores de cabeça cansado e muitos outros sintomas que requerem análise”.

Porém, Rodrigues deixa um aviso a todos. “Mas não se pode justificar tudo desta forma, é muito importante identificar a alimentação que se tem porque, muitas vezes, com o stress e a falta de tempo, os alimentos que se ingerem podem não ser os mais indicados, é preciso olhar e relacionar todos os aspetos”.

Por isso, se torna cada vez mais relevante não fazer dietas e restrições alimentares dramáticas de motu proprio. Alexandra Bento pede mesmo para que “quem deseje perder peso, o faça sendo seguido por um nutricionista”, despistando assim problemáticas que tenham outras causas.

Cortisol e saúde mental

E umas férias não chegam para repor níveis? “Claro que não”, reage Iara Rodrigues. A nutricionista lembra que “é preciso perceber se, efetivamente, existem níveis de cortisol e outros parâmetros hormonais que justifiquem o problema”.

A juntar às análises clínicas que devem ser feitas quando se está perante uma dificuldade desta dimensão, Iara invoca a necessidade de “haver um cruzamento de dados que passa pela análise de horas de sono e pelas causas stress, que podem decorrer de ritmos agitados, mas também de depressão, burnout, ou outro”, refere.

A Cristina Ferreira pouco resta se não encontrar soluções que melhor acomodem e permitam a gestão de stress. Afinal, ela não pode sair de onde está neste momento. “Na altura, e uma vez que a origem era o stress e seria incontrolável, a única solução seriam os ansiolíticos e antidepressivos. Recusei desde o primeiro minuto. Eu própria tinha de encontrar o meu equilíbrio”, escreveu o rosto da SIC no seu blogue.

Tal como ela, muitas portuguesas não têm outra alternativa que não procurar caminhos que conciliem vidas profissionais e pessoais intensas com uma atitude de menor angústia.

Alexandra Bento vinca que “cada caso é um caso e, com a ajuda de um nutricionista e um psicólogo, ambos podem estar bem posicionados para ver o ritmo daquela pessoa e propor o plano para gerir melhor a sua vida em termos de bem-estar”. “A saúde tem de ser vista como um todo, em termos globais. É muito importante que a alimentação seja enquadrada no quotidiano e no seu todo”, sublinha Iara.

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