Diferença entre mulheres e homens com sintomas de depressão em Portugal é a maior da Europa

Mulher com depressão
Mulher com depressão

Portugal apresenta as maiores discrepâncias entre as mulheres e os homens com sintomas de depressão, num estudo europeu que avaliou 21 países.

O “European Social Survey”, que avaliou a perceção do estado da saúde física e mental, mostra que são mais de 30% as mulheres portuguesas que reportam sintomas depressivos, a maior percentagem registada nos países avaliados, enquanto nos homens ela é inferir a 16%.

Apesar de o estudo indicar que “em todos os países estudados, as mulheres reportaram mais sintomas de depressão do que os homens”, as maiores diferenças foram registadas em Portugal, seguindo-se Polónia, Espanha e Alemanha.

Em março deste ano, a Direção-Geral de Saúde, apresentou o relatório ‘Saúde Mental em Números 2015’ onde se revela que as depressões, as perturbações por ansiedade e as demências registaram as proporções mais altas nos Cuidados de Saúde Primários, desde 2010.

De acordo com o documento, o consumo de ansiolíticos e antidepressivos também subiu desde esse ano, com estes últimos a gerarem preocupações na entidade de saúde nacional. “Se os primeiros não acionam qualquer alarme na comparação internacional, os segundos, que integram sobretudo benzodiazepinas, mantêm este grupo farmacológico em níveis de risco para a saúde pública”, alertava o mesmo relatório.

Além da depressão, no “European Social Survey” a percentagem de mulheres que consideram as suas condições de saúde como más e muito más também é superior à dos homens. Mas neste aspeto são as mulheres espanholas que aparecerem à frente, seguidas das húngaras.

Este inquérito europeu tentou ainda avaliar como são analisadas ou explicadas as desigualdades na saúde, revelando que em Portugal, as desigualdades são sobretudo explicadas por fatores referentes às condições de habitação, seguindo-se os fatores ocupacionais (como a situação laboral) e comportamentais (hábitos tabágicos, consumo de álcool ou atividade física).


Leia também: Há mais mulheres obesas do que homens em Portugal pela primeira vez


Em todo o estudo se verifica que as desigualdades na saúde são menos explicadas por fatores comportamentais e mais por fatores ocupacionais e pelas condições de habitação.

O “European Social Survey”, feito com base em dados recolhidos em 2014 e 2015, conclui que a promoção de estilos de vida saudáveis por si só não é suficiente para reduzir problemas de saúde, devendo a estratégia passar por melhorar as condições físicas de trabalho e melhorar as políticas de distribuição do rendimento.