Dino D’Santiago: “O disco defende muito a emancipação da mulher”

O último ano tem sido um verdadeiro sonho para Dino D’Santiago. Além de ter feito amizade com Madonna, permitindo-lhe trabalhar com a rainha da música pop, o último álbum do cantor cabo-verdiano, Mundu Nôbu, tem feito sucesso em Portugal e no estrangeiro, chegando mesmo a ser mencionado por revistas de música de renome internacional como a Rolling Stone.

Na quinta-feira, o cantor do êxito Como Seria abriu, logo às 17h00, esta última edição do NOS Primavera Sound. Apesar da chuva que ameaçou o início do concerto, o público não arredou pé e Dino D’Santiago agradeceu-lhes, descendo do palco para cantar, dançar e fazer a festa com os fãs ao som do seu funaná, kizomba e afro-house.

Abriu este NOS Primavera Sound. O que sentiu da parte do público neste concerto?

No início estava com muito receio por causa do forte vendaval, até pensava que não ia haver concerto e comecei a fazer as minhas orações. O que é certo que chegou às 17h00, pisei o palco, parou de chover e as pessoas começaram a chegar.

Houve até uma parte em que desceu do palco e cantou e dançou com o público.

Foi a minha forma de agradecer àquelas pessoas que quiseram estar cá no momento de abertura. Recebi muitas mensagens em que diziam que me iam ver pela primeira vez e foi mesmo verdade. Acabei por ver os restos todos das pessoas que me mandaram mensagem e adorei a experiência. O NOS Primavera Sound é um festival que sempre sonhei pisar e foi uma boa forma de me estrear. Digo estrear porque sei que vou voltar, prometo.

A sua banda é constituída só por mulheres. Foi uma escolha propositada?

Sim, juntamente com a minha equipa, os produtores, porque o disco defende muito a emancipação da mulher e define a importância das mulheres na minha vida, desde a minha avó, até à minha sobrinha, que são pessoas de quem falo muito nas minhas histórias autobiográficas. Felizmente sou cercado de mulheres. Em Cabo Verde, o local que inspirou este disco, as mulheres são realmente o pilar daquela nação. A minha forma de dignificar foi trazer esse elemento para o palco, elas representam a nação feminina.

Dino D'Santiago

Este último ano tem sido incrível para si, com o último álbum a ser muito bem recebido por parte do público. Esperava isto quando lançou o disco?

Não esperei que o sucesso fosse tão rápido. Pensava que as pessoas, gradualmente, iam perceber a minha mensagem, mas foi tão instantâneo que eu próprio não estava preparado para esse amor todo. Ainda vou absorvendo, vivendo e guardando para mim, para aqueles momentos que são menos bons, para me alimentar disso.

Os seus concertos são sempre uma festa, seja em Lisboa, no Porto ou em Londres. Era a isso que se referia quando falava de “transnacionalismo” na altura em que lançou o álbum?

Sem qualquer dúvida. Quando vejo os vídeos que as pessoas partilham não sei se estou na Polónia, em Lisboa ou Londres. O público vibra de igual forma, canta de igual forma e não sentimos que estamos no estrangeiro. Isso era muito o que queria como sonho de vida, que essas fronteiras deixassem de existir. Sinto isso nos meus concertos, que não há essa fronteira física ou linguística que nos separa.

Que próximos concertos está a preparar para breve?

Vou ter o Super Bock Super Rock, o Festival de Sines, o Festival Med e ainda vou para Espanha e para o Brasil. Um verão em cheio. Vai passar a voar.

Que artistas mais quer ver neste NOS Primavera Sound?

Hoje, especificamente, quero mesmo ver a Solange. O cartaz está excelente, mas infelizmente não vou poder estar cá todos os dias. Hoje quero sentir a Solange. É uma grande aposta e é bom saber que há um festival que a traz cá a Portugal porque ela está a representar algo muito bom a nível estético e sonoro.

Apesar de ser irmã da Beyoncé é totalmente diferente.

Sim. Aliás, sinto que a Beyoncé mudou muito a forma de abordar a música graças à visão da irmã.

Os artistas que não pode (mesmo) perder no primeiro NOS Primavera Sound paritário