Disparidade salarial e prémios marcam Mundial de Futebol Feminino

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[Fotografia: Gonzalo Fuentes/Reuters]

Em março de 2017, a seleção sueca trazia, ao Algarve e ao Algarve Cup, T-shirts com frases de capacitação feminina. Onde estavam os nomes das jogadoras, estavam agora lemas de vida para empoderar mulheres. Esse foi um dos passos a que assistimos em Portugal e de um movimento que começou a ganhar cada vez mais corpo: o de as atletas de futebol feminino reivindicarem igualdade de tratamento face aos homens.

Agora, e desde que o Mundial de Futebol Feminino arrancou em França, a 7 de junho, que há – pode dizer-se – dois campeonatos a correr em paralelo: o da própria competição entre países e o das mulheres a nível global, que lutam por prémios e salários iguais em competições desportivas semelhantes.

Como noticiava a publicação francesa Madame Figaro, caso a seleção francesa ganhasse esta prova que está em curso, as atletas trariam para casa 3,5 milhões de euros a repartir por todas, o que significa dez vezes menos do que os homens. Contas feitas pela publicação, cada uma das 23 atletas receberia 40 mil euros. “Por comparação, os ‘homens’ de Didier Deschamps ganharam 370 mil euros cada um” no ano passado e quando se sagraram campeões na Rússia, referia a publicação.

Valores de discrepância gritante mesmo depois de a FIFA ter aprovado, em outubro de 2018, duplicar os prémios associados ao Mundial Feminino e para os 26 milhões de euros. Só por comparação, tinham sido atribuídos 400 milhões no Mundial masculino de 2018, segundo explicava a agência Lusa.

De acordo com os dados revelados pela RTP e citando um relatório da FifPro, 88% das atletas na Super Liga Feminina de Inglaterra auferem menos 20 mil euros por ano, levando mais de metade (58%) a considerar abandonar a prática desportiva por razões financeiras.

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No que diz respeito a custos de preparação e compensação, a RTP avança que as equipas femininas tiveram direito a 700 mil euros, pouco mais de metade do que as masculinas (1,3 milhões). Uma disparidade numa competição que revela ter cada vez mais adeptos, ou não fosse batido um novo recorde com a FIFA a vender mais de um milhão de bilhetes para o Mundial.

A norueguesa Ada Hegerberg a jogar no Lyon levou recentemente a discussão a jogo, recusando, precisamente, pisar os relvados deste Mundial, que se estende até 7 de julho.

Aos 23 anos e tendo sido a primeira mulher a ganhar uma Bola de Ouro no futebol, anunciou, em maio último, que não voltaria a representar a seleção em protesto contra a diferença de condições que existe entre os jogadores profissionais, nomeadamente entre homens e mulheres. “O futebol é o desporto mais importante da Noruega para as mulheres, mas estas não têm as mesmas condições nem direitos do que os homens”, justificou a atleta.

Imagem de destaque: Gonzalo Fuentes/Reuters

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