Divórcios saudáveis? Sim, psicólogos revelam 11 formas de o fazer

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[Fotografia: Kelly Sikkema/Unsplash]

Mitos e factos, as emoções após a rutura, as razões por que acontecem os divórcios. Estas são apenas algumas das questões que os psicólogos portugueses respondem num novo guia promovido e divulgado pela ordem profissional. “Apesar de 80 a 85% dos adultos superarem o divórcio de forma saudável, alguns aspetos do processo de separação são difíceis e desafiantes, por representarem uma rutura na vida”, referem os especialistas da Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP).

Em Vamos Falar de Divórcio, o documento digital elenca ainda ferramentas para comunicar e lidar com os filhos de várias idades – caso existam na relação -, bem como estratégias para gerir as emoções em todas as fases do processo e na nova que se abre.

Um guia que procura responder ao aumento crescente de separações em território nacional. Recorde-se que, em 2020, o rácio de divórcios por cem casamentos foi de 91,5% em Portugal, segundo dados da Pordata. Um aumento de quase mais de 1/3 face ao ano que lhe antecedeu, 2019.

Tome nota dos passos essenciais para lidar com a separação e promover um processo que crie o mínimo de danos possíveis na saúde mental e no bem-estar de cada um.

Aceitar que é natural experimentar diferentes emoções e sentimentos

“Mesmo quando a relação era insatisfatória, experienciar diferentes sentimentos e enfrentar o desconhecido pode ser assustador. No entanto, viver estas emoções é importante para recuperar do processo de divórcio e avançar com a nossa vida. Pelo contrário, tentar ignorar, suprimir ou lutar contra os nossos sentimentos só atrasará o processo de recuperação”, lê-se no guia, lembrando que cada qual toma o tempo necessário.

Autocompaixão

“Durante algum tempo não devemos esperar de nós próprios/as comportarmo-nos de acordo com o nosso habitual. É necessário permitirmo-nos sentir e funcionar num nível abaixo do habitual – é possível que sejamos menos produtivos no trabalho, menos capazes de cuidar ou interagir com as pessoas que nos rodeiam da mesma forma que costumamos fazer. Não somos super-heróis/heroínas.”

Falar e partilhar o que sentimos

Refere o guia que “partilhar o que sentimos com familiares e amigos pode ajudar-nos a ultrapassar esta situação com mais bem-estar”. “Pelo contrário, quando nos isolamos, o nosso nível de stress pode aumentar e a capacidade de concentração pode diminuir. Falar com alguém que já passou por uma situação semelhante também pode ajudar”, acrescenta.

Investir no autocuidado

“Descansar bastante, minimizar outras fontes de stress, reduzir a carga de trabalho, se possível, experimentar novas atividades de lazer ou retomar outras; recorrer à rede de suporte (familiares e amigos) para receber apoio e conforto”, enumera o documento.

Manter a comunicação com o ex-cônjuge

“É importante conseguir continuar a comunicar com o ex-parceiro/a, especialmente em situações de conflito. Pode ser a última coisa que nos apetece fazer, mas a comunicação e a cooperação tornam o processo de divórcio mais fácil e saudáveis para todas as pessoas envolvidas. Reconhecer que o processo de divórcio é difícil para ambos e manter alguma empatia facilita o processo de negociação”.

Priorizar e criar listas

“Apesar do nosso sofrimento, continuamos a ter de viver, realizar tarefas e pagar contas. Existe ainda um novo conjunto de tarefas que temos de aceitar que podem aumentar o nosso nível de stress (por exemplo, procurar casa, alterar documentos legais, tratar da burocracia relacionada com o divórcio, etc.). Criar uma lista com estas tarefas e organizá-las por ordem de importância pode ajudar-nos a organizar e a sentir menos stress”, recomenda o guia.

Criar novas rotinas

Fazê-lo pode dar “um sentido de conforto, estrutura e segurança”. “Incluir nessa rotina hábitos saudáveis é fundamental, entre eles, por exemplo, tempo para atividade física ou jantar em família”.

Explorar novos interesses

Um divórcio é um fim, mas também um novo começo. Podemos aproveitar a oportunidade para explorar atividades que nos tragam satisfação e bem-estar.

Evitar tomar decisões importantes

“Durante os meses que se seguem a um divórcio, o nosso estado emocional está alterado e teremos menos capacidade de tomar decisões ponderadas, é recomendável evitarmos tomar decisões importantes (por exemplo, mudar de cidade ou de emprego)”, sugerem os psicólogos.

Evitar álcool, drogas ou comida para lidar com os sentimentos

Recorrer a estes mecanismos como escape ”é pouco saudável e é autodestrutivo, a longo prazo”, lê-se no guia.

Procurar ajuda

“O sofrimento e a dor após um divórcio podem ser paralisantes. No entanto, pouco a pouco, a tristeza e outros sentimentos intensos começam a diminuir, recomeçamos a sentir esperança e a adaptarmo-nos a uma nova realidade. Quando isso não acontece, é preciso procurar ajuda. Podemos estar a lidar com problemas de Saúde Psicológica, como a depressão. Um Psicólogo ou Psicóloga podem ajudar”, alertam os especialistas.