Djodje: “Sinto que este álbum traz coisas novas”

Djodje

Depois de ter esgotado o Coliseu de Lisboa há dois anos, em abril o cantor cabo-verdiano Djodje esgotou o Campo Pequeno, exatamente no mesmo dia em que lançou o seu terceiro álbum, Newborn.

No último fim de semana somou dois prémios: o de Melhor Kizomba dos Cabo Verde Music Awards e o prémio Sapo Cabo Verde. Em conversa com o cantor antes do espetáculo no Campo Pequeno, que aconteceu no passado dia 6 de abril, falámos sobre as origens, o filho que tanto o inspirou neste último trabalho e do sucesso que a sua música tem feito em Portugal nos últimos anos.

Nasceu em Cabo Verde mas veio para Lisboa com 17 anos. O que guarda dos tempo em que viveu lá?

Muitos amigos, acima de tudo. Tenho muitas saudades da praia também. Guardo toda a essência, sou cabo-verdiano crioulo. Isso nunca se perdeu.

Como nasceu a sua ligação à música?

Nasci numa família de músicos. A minha mãe é oriunda de uma família de músicos, a família Marta, e o meu pai era guitarrista dos Tubarões, uma banda muito conceituada e mítica em Cabo Verde.

Já estava destinado…

Sim. Também comecei na música muito cedo. Aos 10 anos, juntamente com o meu primo Ricky Boy, o meu irmão Peps e mais dois amigos, formámos a banda TC e nunca mais parámos.

Sempre foi muito bom aluno e um ótimo desportista. Essa disciplina que adquiriu em criança agora reflete-se na carreira musical?

Ajudou muito. O desporto ajudou-me a ver que em equipa somos sempre mais fortes. Joguei basquetebol, mas jogava mais voleibol e nesse desporto uma pessoa depende sempre das outras. Ensinou-me a ser alguém que sabe trabalhar em equipa e a perceber que, com trabalho, chegamos lá. Sem trabalho não adianta.

A maioria do seu público é feminino. Tem isso em conta quando compõe as suas músicas ou constrói um espetáculo?

Não. A maioria é mesmo feminina mas, ao contrário do que muita gente pensa, a diferença não é assim tão grande. No meu Instagram, por exemplo, tenho 65% de mulheres e 35% são homens. Quando faço as minhas músicas não penso só no público feminino, inspiro-me em várias coisas. Dá tanto para as mulheres como para os homens.

Nos últimos seis anos, o público português tem revelado ser um grande fã de kizomba e música africana. Como explica este fenómeno?

Na verdade essa revelação para mim não aconteceu nos últimos seis anos, sempre disse que um dia a kizomba iria explodir em Portugal. As pessoas já ouviam em casa e conheciam as músicas, só não tocava tanto nas rádios nem estava tão presente nas televisões. Portugal sempre teve uma ligação muito forte com os países de expressão portuguesa, Cabo Verde, Angola, Moçambique e São Tomé. A música e a cultura africana sempre estiveram muito presentes aqui. Só faltava que se tornasse mainstream e isso acabou por acontecer.

Já esgotou o Coliseu de Lisboa. Agora o Campo Pequeno. O que podemos esperar deste concerto?

Acima de tudo muito boa energia, com o pessoal a cantar as músicas todas. Boa vibe.

Lançou hoje um novo álbum, Newborn. Neste concerto vai fazer uma mistura de músicas antigas com algumas deste trabalho?

Vai haver um bocadinho de tudo. Vou cantar músicas do álbum novo que nunca cantei, vou cantar as mais conhecidas – Não Vai, Namora Comigo e Uma Chance não podem faltar – e vão haver momentos muito, muito especiais.

Aparece com o seu filho ao colo na capa deste novo álbum. Foi o Djodje que teve a ideia?

Vou contar-te como isso aconteceu. Estávamos numa sessão fotográfica para o concerto no Campo Pequeno, ele estava lá também e resolvi tirar uma foto para ficar em casa, guardar. Assim que a vimos pensámos: “Isto é a capa do álbum.” Até porque está relacionada com o título, Newborn.

Porquê o nome de Newborn para este novo trabalho?

Também dedico o disco à minha família, mas é principalmente para o meu filho. Na altura em que escolhi o nome ele ainda era um recém-nascido e em termos musicais sinto-me também assim, renascido. Sinto que este álbum traz coisas novas do Djodje, está tudo a correr bem e estou apenas a começar.

A música Santiago é dedicada ao seu filho. O que espera que ele sinta quando a ouvir, daqui a uns anos?

Espero que goste, acima de tudo.

Quais são os principais valores que lhe tenta passar?

Ser alguém que respeite os outros, ter os pés bem assentes no chão e dar valor a tudo o que tem, perceber que na vida só se consegue alguma coisa trabalhando. Acima de tudo espero que seja uma pessoa amigável e carinhosa.

Tem também uma música com a Cuca Roseta. A junção da kizomba com o fado ainda é improvável?

Já não é improvável porque aconteceu, antes disso era. A junção acabou por resultar muito bem. A música está a tocar nas rádios, as pessoas gostam e está com quase 9 milhões de visualizações no YouTube. Portanto acho que o resultado foi positivo.

Que mensagem gostaria de deixar para os fãs que estão a ouvir o álbum pela primeira vez?

Quero mandar um beijo enorme, um grande abraço e agradecer a todos. Espero que gostem do álbum. Quem vem para o concerto, que venha com a melhor vibe possível para nos divertirmos.

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