Do Tinder ao Twitter: Empresários assinam manifesto contra restrições ao aborto

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Do Tinder ao Twitter, vários executivos de mais de uma centena de grandes empresas norte-americanas, manifestaram-se na segunda-feira, 10 de junho, contra a restrição aos direitos reprodutivos das mulheres, incluindo o aborto, numa página publicitária do jornal The New York Times.

De acordo com agência Lusa, mais de 180 empresários, entre os quais diretores executivos de empresas como a Bloomberg, a Yelp, o Tinder, e o fundador do Twitter, Jack Dorsey, assinaram um manifesto, que ocupa uma página inteira do diário norte-americano e onde se lê que “o futuro da igualdade de género está por um fio e põe em risco as nossas famílias, comunidades, empresas e economia”.

“[As restrições] prejudicam a nossa capacidade de construir canais para uma força de trabalho diversificada e inclusiva, de atrair os melhores talentos nos estados e de proteger o bem-estar das pessoas que mantêm o negócio”, afirmam os empresários, que representam, ao todo, 108.000 trabalhadores.

Organizações que coordenaram a iniciativa, incluindo a Planned Parenthood e a União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU, na sigla inglesa) argumentam que as restrições “ameaçam a saúde e a estabilidade económica dos funcionários e dos clientes”, o que é “mau para o negócio”.

Nas últimas semanas, vários estados norte-americanos aprovaram leis que visam proibir a interrupção da gravidez na maioria dos casos, incluindo violação e incesto. A nova legislação, apoiada pelos setores conservadores do país, é um revés na decisão do Supremo Tribunal, que declarou inconstitucional, em 1973, qualquer interferência do Estado na decisão de gravidez de uma mulher. No entanto, esta vaga recente de alterações legais no que respeita à interrupção da gravidez já levou vários especialistas a alertarem para o facto de este movimento poder levar à revisão da lei do aborto a nível federal.

“A igualdade no local de trabalho é uma das questões laborais mais importantes do nosso tempo”, escreveram no Twitter as cerca de 200 empresas envolvidas na campanha “Não proíbam a igualdade”, convidando outras empresas a juntarem-se à campanha. Motivos, de resto, que já levaram grandes produtoras de filmes como a Disney ou a Netflix a ponderar a sua saída de estados, como a Geórgia, caso a lei de restrição ao aborto venha a entrar efetivamente em vigor. “Temos muitas mulheres a trabalhar em produções na Georgia, cujos direitos, juntamente com milhões de outros, serão severamente restringidos por esta lei”, afirmou o diretor de conteúdos da Netflix, Ted Sarandos, citado pela revista Variety.

Por sua vez, Bob Iger, CEO da Disney, também admitiu que será difícil continuar a filmar naquele estado caso a lei entre em vigor. “Muitas pessoas que trabalham para nós não vão querer trabalhar lá e teremos de respeitar a sua vontade nesse sentido. No momento, estamos a analisar a situação com muito cuidado”, sublinhou.

A iniciativa destes empresários não é o único sinal da sociedade civil contra a aprovação destas políticas de restrição ao aborto. Várias figuras públicas, como Lady Gaga, Barbra Streisand, Chelsea Handler, Gigi Hadid, John Legend, Chris Evans ou Milla Jovovich,
manifestaram a sua indignação e condenaram estes diplomas “pró-vida”.

 

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