Gisèle Pelicot, vítima do marido que a drogava, abusava e que convidou dezenas de homens a fazerem-lhe o mesmo enquanto ela estava inconsciente, decidiu mudar o curso da história de quem sofre de violação.
Depois de quase uma década a ser sujeita a abusos que foram filmados, Gisèle decidiu que o julgamento seria aberto ao público para que “a vergonha mudasse de lado” (como se lê na imagem). O objetivo foi expor o abusador, o marido, Dominique Pélicot, cerca de meia centena de violadores identificados (terão sido mais), e não a vítima, num gesto que a transformou num ícone feminista e que levou a sua trágica história pelo mundo.
Aqueles crimes, a condenação a 20 anos de prisão e a forma como Gisèle conduziu todo este processo em torno de um dos crimes mais chocantes vividos em França é agora foco central de um documentário que se estreia esta quarta-feira, 12 de fevereiro, na platafroma de streaming Max, cujo trailer pode ver abaixo.
Em The Pelicot Rape Case (O Caso de Violação Pelicot, em tradução literal) são analisados os crimes de Dominique Pelicot numa “ perspetiva psicológica, jurídica e cultural” e “contrasta-os com a dignidade e coragem da sua ex-mulher, Gisèle”, refere o comunicado enviado às redações.
“O filme examina os crimes de uma perspetiva psicológica, jurídica e cultural, além de ouvir vozes da comunidade Mazan, onde os Pelicot viveram uma reforma aparentemente idílica. Dirigindo-se a quem esteve no tribunal todos os dias do julgamento e a quem assistiu de longe, o filme questiona como é que estes crimes puderam não ser denunciados durante tantos anos, o que isso significa para a forma como a agressão sexual é vista em França e no resto do mundo e que perguntas difíceis os homens precisam de se fazer sobre a masculinidade moderna”, acrescenta a mesma nota.
