Uma das doenças mais responsáveis pela mortalidade e incapacidade da população está ligada aos diabetes e às doenças cardiovasculares. Por este mesmo motivo, a prevenção é uma das grandes prioridades para o Plano Nacional de Saúde. O Delas.pt falou com a médica cardiologista do Heart Center do Hospital Cruz Vermelha, Joana Feliciano, sobre as diferenças entre homens e mulheres no que respeita ao diagnóstico de um enfarte ou AVC [Acidente Vascular Cerebral].
“Se um homem com 60 anos chegar ao serviço de urgência com dor no peito, é um enfarte até que provem o contrário”, começa por afirmar a especialista, acrescentando que “uma senhora de 60 anos que se dirija a um serviço de urgência com queixas de dor precordial, muitas vezes, a dor é desvalorizada e arranja-se mil e um motivos para não ser um enfarte“, continua a médica, que já trabalha há 18 anos como cardiologista.
As mulheres correm mais riscos e têm maior taxa de mortalidade
“A doença nas mulheres é mais difícil de diagnosticar e passa muitas vezes despercebida, é descontextualizada. Embora reconheça que este paradigma já esteja a mudar, Joana Feliciano continua a defender a ideia de que, uma mulher, ao entrar num serviço de urgências com dor no peito, acaba por não ter um diagnóstico tão rápido e eficiente porque se colocam outras questões em cima da mesa: como ansiedade ou até depressão.
Esta é uma das grandes razões que leva a especialista a afirmar que o prognóstico nas mulheres é pior: “este tipo de situações é tratada de maneira diferente nas mulheres, que têm um prognóstico pior porque, lá está, não somos tratadas atempadamente ou com tudo o que deveríamos ser tratadas logo de início porque o diagnóstico é primeiramente outro“, continua a explicar a médica ao Delas.pt.
Os alertas entre homens e mulheres podem ser diferentes, mas na maioria são os mesmos
Ainda que possam existir alguns sintomas divergentes entre os homens e as mulheres no que respeita a um AVC ou enfarte, a especialista avança que, na maioria das vezes, “as queixas são iguais, mas são desvalorizadas nas mulheres“.
Dor precordial, irradiação à mandíbula, ao braço e às costas, acompanhada com falta de ar e palpitações são alguns dos sintomas apontados pela médica em casos de acontecimentos cardiovasculares.
A importância dos check-ups na prevenção
“Os eventos cardiovasculares acontecem, obviamente, com mais frequência, nas pessoas que têm doença coronária conhecida e estabelecida”, começa por explicar a cardiologista. Quem já teve um enfarte tem mais probabilidade de ter um segundo do que alguém que nunca teve nenhum ter o seu primeiro. “No entanto, o enfarte pode ser a primeira manifestação de uma doença coronária que existe e que ainda não está diagnosticada nem conhecida”, continua Joana Feliciano.
Uma das grandes prioridades e importância em realizar um check-up é precisamente avaliar e controlar os fatores de risco de cada pessoa. “Por exemplo, uma pessoa pode ser hipertensa, mas se a tensão estiver controlada e bem controlada, o fator de risco é atenuado. Se for uma pessoa hipertensa mal medicada e mal controlada, o fator de risco tem outro impacto”, remata a médica da Cruz Vermelha.
O check-up permite não apenas controlar doenças já conhecidas como também estar alerta para fatores de risco que as pessoas nem sequer sabem que têm. O importante é “diagnosticar, referenciar uma consulta com o especialista, dar seguimento ao problema, medicar e orientar a terapêutica”, diz Joana Feliciano. Tudo isto com estes tais chamados de ‘exames de rotina’ que podem dar continuidade a uma problemática que não se sabia que existia.
Percorra ainda a galeria de imagens acima e conheça, segundo a cardiologista Joana Feliciano, quais os principais cuidados a ter para prevenir um evento cardiovascular, sempre tendo em mente que estes acontecimentos podem suceder-se a qualquer pessoa.