As chapeleiras Donna Hartley e Joanne Jones, e a criadora de sapatos Silvia Fadó inauguram este domingo, 11 de outubro, nos museus de Chapelaria e Calçado, em São João da Madeira, duas exposições para “mulheres fatais” e apreciadores de “arquitetura e tecnologia“.
A descrição é de Joana Galhano, que, enquanto diretora desses dois equipamentos culturais do distrito de Aveiro, reconhece à exposição das chapeleiras britânicas um trabalho ajustado ao título “Um toque de elegância” e atribui à estilista de calçado espanhola uma mostra mais focada em “arte, arquitetura e tecnologia”.
Os chapéus de Hartley e Jones constituem assim peças motivadas por “temáticas tão variadas como o romance e o sonho, a beleza e a moda, o cinema e a história”, o que, envolvendo materiais como plumas, pedras preciosas, véus rendados e muita cor, se ajusta ao uso por uma mulher “que pode ter tanto de ‘femme fatale’ como de ‘inocente'”. Já os sapatos de Fadó, por sua vez, evocam “arquitetura, engenharia, iluminação e design inteligente e funcional”, num cruzamento entre fabrico manual tradicional, ergonomia e estética futurista.
Joana Galhano defende, por isso, que, ao serem complementadas com ‘workshops’ técnicos dirigidos pelas designers, as novas exposições cumprem o objetivo de explorar “memória e criatividade” enquanto conceitos-chave para o desenvolvimento e a valorização da indústria nacional da chapelaria e do calçado, ajudando a “traçar novos caminhos para o futuro” desses setores.
No caso de Donna Hartley e Joanne Jones, que em 2015 fundaram em Espanha a marca Donna Hartley Millinery e têm na presente mostra a sua estreia a solo em Portugal, são as próprias criadoras que reconhecem: “O nosso estilo tem na sua essência o charme britânico, mas o meio ambiente natural que nos rodeia, a cultura e a exuberância espanhola não só inspiram como complementam a nossa personalidade excêntrica”.
A carreira de Donna Hartley, em específico, teve início há mais de 20 anos quando, ainda em Inglaterra, trabalhava com encomendas privadas a partir de sua casa. “Decidida a aprofundar os seus conhecimentos na área, estudou os princípios da chapelaria em Huddersfield e depois foi trabalhar para Tracey Mogard, que é uma reconhecida chapeleira da ‘Herald and Heart Hatters’ em Londres”, revela Joana Galhano.
A designer acabaria então por especializar-se em alta-costura e, quando decide lançar-se em nome próprio, associa-se a Joanne Jones, artista plástica a residir em Espanha, “apaixonada por chapéus e com particular talento para o desenho e pintura.
Atualmente, a dupla cria duas coleções por ano e aposta sobretudo na de verão. “As suas coleções contemporâneas e ecléticas vestem com grande elegância, intensidade e carácter as cabeças de uma clientela mundial exigente e apresentam-se como interpretações incomuns e impactantes, não por serem especialmente provocadoras, mas por negarem o comum e redefinirem as fronteiras entre o clássico e o contemporâneo”, declara a diretora dos museus.
Já no que se refere a Silvia Fadó, que começou por estudar Arquitetura até encontrar no curso de Design de Moda maior liberdade plástica e criativa, tem-se destacado pelo seu trabalho “em torno do design inteligente e funcional do calçado de alta-costura, em particular no que concerne à comodidade e incorporação de tecnologia avançada”.
Com ateliê em Barcelona, a criadora afirma: “Nunca sigo estereótipos e o que é comum. Gosto sempre de pensar em formas diferentes de fazer as coisas, explorar outros usos para os elementos quotidianos”.
Joana Galhano dá exemplos: a criadora catalã já criou sapatos com saltos que conciliam o uso de sistemas hidráulicos com prototipagem rápida via corte a laser ou impressão 3D, continua a estudar o movimento do corpo humano para adaptar à alta-costura as vantagens do calçado desportivo e recorre regularmente a sistemas mecânicos que permitam absorver o impacto da caminhada através de molas, bolas de borracha, dobradiças, sistemas pneumáticos, anéis metálicos e outros mecanismos pouco utilizados em sapatos de luxo.
Lusa