
É já este sábado, 25 de janeiro, que reabre o Museu da Chapelaria, em São João da Madeira, apresentando obras para integrar novos conteúdos na mostra permanente e os interpretar em inglês e braille e duas estreias, ambas centradas na marca francesa de alta-costura Dior.
Segundo a diretora desse equipamento cultural de São João da Madeira, o museu do distrito de Aveiro e da Área Metropolitana do Porto propõe assim uma mostra sobre o tratamento que a casa francesa teve na imprensa feminina portuguesa a partir de 1947 e outra sobre o impacto dos chapéus da Maison Dior nos conceitos de estética e luxo após a II Guerra Mundial.
“A mostra relativa à imprensa portuguesa resulta de uma investigação nossa e a referente aos chapéus foi concebida com o Museu Christian Dior, de Granville, especificamente para a nossa Sala de Exposições Temporárias. Marca assim a estreia da Maison Dior em Portugal no contexto de uma exposição exclusiva, feita à medida”, declarou Tânia Reis à Lusa.
Esta exposição parte de uma investigação a três revistas femininas de referência em meados do século XX -Eva, Voga e Modas & Bordados – Vida Feminina – e analisa o impacto que teve na elite portuguesa, a partir de 1947, o estilo New Look criado por Christian Dior (1905-1957).
A exposição vai assim abordar aspetos como o lançamento em 1954 de O Pequeno Dicionário de Moda – em que o costureiro francês revelava segredos do estilo e aconselhava “o que vestir, como andar com graça ou que tipo de chapéu usar em diferentes ocasiões” – e recordar eventos como a conferência que o mesmo ‘designer’ deu em 1955 na Sorbonne – onde, perante quatro mil pessoas, “foi o primeiro estilista a filosofar sobre a Estética da Moda” em 700 anos de história dessa universidade.
Já quanto à exposição “Chapéus Dior”, procurará demonstrar as razões pelas quais o costureiro considerava esse acessório “a quintessência da feminilidade”. Com 15 exemplares desenhados pelo estilista, a mostra propõe assim uma reflexão sobre a importância do chapéu não apenas como elemento essencial do estilo Dior e da alta-costura em geral, mas também como símbolo histórico e social de determinada época e geografia.
As duas mostras estarão disponíveis até 20 de abril no espaço cultural que, após uma intervenção financiada em 25.000 euros pela Câmara de São João da Madeira e em 50.000 pelo ProMuseus — Programa de Apoio Financeiro a Equipamentos da Rede Portuguesa de Museus, se apresenta agora “mais inclusivo e acessível”.
Tânia Reis dá exemplos: “O percurso passou a ter direções de orientação, com recurso a plantas de relevo legendadas em português, inglês e braille, e a piso podotátil. Os conteúdos interpretativos também ficaram com uma linguagem mais clara e acessível, e com códigos QR que permitem visualizar imagens da fábrica que funcionou no edifício do Museu até aos anos 1990”.
À sala permanente foram ainda adicionados conteúdos sobre a história da indústria chapeleira na região e no país, e memórias de antigos funcionários do setor — sendo que “o papel da mulher operária, praticamente inexistente na anterior museografia, está agora evidenciado ao longo de todo o percurso”.
A intervenção também acrescentou mais chapéus à exposição e implementou condições técnicas para que, “no futuro”, se possam adicionar audiodescrições aos diversos conteúdos do percurso, através de equipamento multimédia.